FC Porto-Arouca, 3-0 (crónica)

Pedro Jorge da Cunha , Estádio do Dragão, Porto
28 ago 2021, 20:07

Um dragão com apetite e a cheirar à água de colónia de Conceição

No último jogo antes do encerramento do macabro mercado de transferências, que tantas palpitações leva aos peitos mais pueris, o FC Porto fez três golos num jogo que foi do oito ao 80.

Os dragões passaram do medíocre para o odor a goleada com o avançar dos minutos e fecharam as contas com mais três pontos, o lápis atrás da orelha e a certeza de um bom dia no escritório.

Dizíamos que o início de jogo do FC Porto não foi bom. Não foi, de facto. Mas esta equipa cheira à água de colónia de Sérgio Conceição. É construída a partir da fé, ajoelhada numa confiança irracional de que tudo vai correr bem. É, insistimos, uma campeã mundial da determinação e nisso é imbatível.

FICHA DE JOGO e AO MINUTO NO DRAGÃO

Isso resolve tudo? Não. Mas em jogos como este, em que a ordem e o progresso demoram a aparecer, dá muito jeito ter homens que trincam os lábios e se alimentam do sangue. Vitamina S.

Esta personalidade peculiar dos dragões torna a equipa numa especialista em saídas de emergências. Se o golo não surge na qualidade, talvez saia no esforço; se não sai numa transição venenosa, então arranja-se um plano B; e se não nasce numa manada de toques curtos e delicados, por que não tentar um pontapé violento?

Foi assim que Matheus Uribe acabou com os disparates dos 24 minutos anteriores. O colombiano abriu primeiro em Otávio e depois aproveitou uma bola de ressalto, após remate do médio recém-chamado à Seleção Nacional.

A virulência da dúvida morreu aí. O Arouca estava relativamente organizado, mas pouco ou nada ameaçava Diogo Costa. Depois do 1-0, passou de frágil a nulo e de nulo a cadáver. Uma morte anunciada.

DESTAQUES DO JOGO: uma gazela chamada João Mário

É verdade que os arouquenses se podem queixar de uma falta de Marcano sobre Bukia antes do 2-0, mas esse pormenor é irrelevante ao analisar a exibição global dos visitantes. Uma desilusão de cabeça aos pés.

Ah, sim. O FC Porto fez esse 2-0 ainda antes do intervalo, mérito maior de Luis Díaz no lançamento para Mehdi Taremi e inteligência do iraniano, em modo slow motion e até ao remate que devia ter sido mais bem defendido por Fernando Castro. Uma jogada que podia ter saído perfeitamente de um jogo de Spectrum dos anos 80. Lenta e com gráficos pobres.

O FC Porto adapta-se a qualquer circunstância.

A segunda parte foi outra história. Podíamos estar aqui a escrever sobre uma goleada histórica, mas só temos mais um golo no bloco de notas, marcado a meias entre Pepe e Ivan Marcano. O resto foi o FC Porto a carregar e a falhar golos atrás de golos, alguns de forma incompreensível.

Deu ainda para ter 30 minutos de Pepê – a qualidade está toda lá – e para ver pela primeira vez Wendell. Cinco minutinhos engraçados.

Quem não apareceu foi Jesus Corona. O mexicano está com as malas prontas e nem no banco de suplentes esteve. Deixa saudades no Dragão. Hasta la vista, Tecatito.

VÍDEO: resumo do jogo

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