Santa Clara-P. Ferreira, 3-0 (crónica)

Rui Pedro Paiva , Estádio de São Miguel, Ponta Delgada
27 fev 2021, 20:16

Com os adeptos nas asas, o açor esmagou o castor

Senhores e senhoras, não é novidade nenhuma, mas importa sempre lembrar: os adeptos são a essência do futebol. Este sábado, o maior destaque possível do Santa Clara-Paços de Ferreira foi o regresso dos adeptos ao estádio. Foi o primeiro jogo de futebol profissional a ter público em 2021. E os 924 adeptos açorianos não pediam ter pedido melhor: uma vitória categórica do Santa Clara por 3-0.

Aproveitando a evolução epidemiológica nos Açores (56 casos ativos e uma situação pandémica controlada), e face às regras regionais que autorizam a presença de público nos recintos desportivos, foi possível voltar a ouvir os gritos dos adeptos num jogo de futebol. Nos Açores, pelo menos hoje, acabou aquele eco avassalador que atravessa os estádios vazios da I Liga nos jogos de futebol. E esta é uma vitória do desporto sobre a pandemia da covid-19.

Distanciados cinco lugares entre si, todos com máscara, os adeptos açorianos tiveram uma recompensa logo na fase inicial do encontro. Depois de um período inicial com as duas equipas a tentar encaixar-se, aos dez minutos, Allano com espaço, de fora da área, encheu o pé esquerdo e a bola só acabou no fundo das redes. Um golaço! Ainda bem que havia gente para o ver ao vivo.

O público entusiasmou-se e o Santa Clara também. A partir dai, a equipa açoriana soltou-se e passou a pisar terrenos próximos da baliza do Paços de Ferreira. Os ‘castores’ iam suportando a pressão como podiam, mas Pepa não gostava do que via. Aos 21 minutos, Anderson Carvalho voltou a ameaçar com um remate no enfiamento da área que saiu ao lado.

O Paços de Ferreira teve muitas dificuldades em construir, uma vez que o Santa Clara, sempre agressivo, pressionava de imediato o homem da bola e conseguia rapidamente recuperar a posse de bola. Ao som de gritos de “Santa Clara, Olé” (os adeptos raramente se calaram, mostrando a fome de bola que tinham), a equipa de Daniel Ramos realizou uma série de investidas perigosas junto à baliza adversária. Aos 31 minutos, nova ameaça de Carlos Júnior, mas o remate saiu por cima da baliza do Paços.

Com o passar do primeiro tempo, a equipa de Pepa foi reorganizando e o Santa Clara também diminuiu a intensidade. O jogo tornou-se mais equilibrado. A equipa de Daniel Ramos mostrava-se perigosa através da bola parada e foi num canto, aos 41 minutos, que os açorianos ficaram a pedir penálti, por alegado braço de Luther Singh. O lance foi analisado pelo vídeo-árbitro. Não foi suficiente. Manuel Mota foi ele próprio ver o lance e acabou por marcar penálti (sendo que apenas tinha um plano de câmara para analisar o lance).

Cryzan, da marca de grande penalidade, atirou, Jordi ainda defendeu e, na recarga Cryzan, redimiu-se e atirou para o fundo das redes. Os festejos do segundo golo do Santa Clara foram interrompidos pelo assistente. O árbitro ficou a conferenciar – pelo guarda-redes do Paços estar à frente da linha de golo – e acabou por validar o golo. E assim se chegou ao intervalo: 2-0 para o Santa Clara, com uma exibição de gala da equipa açoriana.

No regresso das cabines, o primeiro lance de perigo pertenceu novamente à equipa da casa. Aos 50 minutos, Carlos Júnior, a meio de meio campo, esteve perto de fazer o golo da época. Com a bola a saltitar, encheu o pé e quase surpreendeu o guarda-redes do Paços, mas a bola saiu ligeiramente por cima.

O Santa Clara continuou por cima no encontro, perante um Paços de Ferreira que não conseguia conter a intensidade dos açorianos. Portanto, foi com alguma naturalidade que os açorianos chegaram ao terceiro golo. E que golo! Excelente jogada coletiva, com triangulações que desfizeram a defesa do Paços, que culminou com a assistência de Hide para o golo de primeira de Carlos Júnior: 3-0, aos 55 minutos, e com elevada nota artística.

O Paços de Ferreira, com dificuldades em chegar com perigo à baliza açoriana, conseguiu criar perigo aos 68 minutos. O recém-entrado João Pedro rematou forte de fora da área, obrigando Marco a uma grande defesa.

Com o jogo a caminhar para o fim, o Paços de Ferreira subiu no terreno, mas teve sempre dificuldades em penetrar na defesa do Santa Clara. Aos 78 minutos, Fernando Fonseca rematou de longe para defesa segura e Marco. Dois minutos depois, Dor Jan, após um canto, também ameaçou as redes açorianas.

Até ao final do jogo, a equipa de Daniel Ramos manteve a organização e procurou assegurar a posse bola quando conseguia. Por outro lado, o Paços de Ferreira (que nunca baixou os braços) tentou o golo de honra, mas todos os jogadores do Santa Clara (todos mesmo) estavam francamente inspirados. No final, 3-0 e a melhor exibição da época para a formação açoriana.

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