P. Ferreira-Portimonense, 0-3 (crónica)

Vítor Hugo Alvarenga , Estádio Capital do Móvel, em Paços de Ferreira
15 ago 2022, 22:37

Algarvios aproveitam a ferida aberta no coração pacense

Zé Uílton desequilibrou os pratos da balança na Capital do Móvel com uma expulsão incontestável ao 16.º minuto de jogo, instantes depois da sua entrada em campo, abrindo uma ferida no coração pacense. A jogar com dez, o Paços de Ferreira não conseguiu evitar a segunda derrota na Liga, desta feita perante um Portimonense que soube tirar partido das fragilidades do adversário (0-3).

Yago Cariello (32m), Luquinha (81m) e Ewerton (84m) selaram o triunfo algarvio, devolvendo um sorriso à equipa de Paulo Sérgio, que vinha igualmente de um desaire na ronda inaugural. O Portimonense, a exemplo do demonstrado na temporada transata, tem argumentos físicos acima da média e pode acumular uma dose considerável de pontos fora de casa, como aconteceu esta noite.

Paulo Sérgio tornou-se esta segunda-feira o treinador com mais jogos no banco do Portimonense na Liga, ultrapassando um registo do saudoso Vítor Oliveira. Fê-lo numa casa que já foi sua, como foi do próprio Vítor Oliveira, e num recinto onde deixou saudades, depois de ter conduzido a equipa pacense à final da Taça de Portugal na temporada 2008/09.

FICHA DE JOGO E AS NOTAS ATRIBUÍDAS AOS JOGADORES

No reencontro com o Paços de Ferreira, o técnico da formação algarvia fez apenas uma alteração no onze em relação à jornada inaugural, colocando o gigante Diaby no lugar de Henrique Jocú. Mais uma torre, oriunda precisamente da Capital do Móvel, para justificar a antevisão de César Peixoto: «Eles são mais altos e robustos, mas isso não quer dizer nada.»

Zé Uílton fora de tempo

O treinador da equipa nortenha esperava contrapor essa realidade com um futebol mais apoiado, de pé para pé, mas os visitantes impuseram o seu jogo desde cedo e já estavam por cima antes da expulsão totalmente justificada de Zé Uílton.

César Peixoto, que tinha introduzido duas novidades no onze (Matchoi e Holsgrove em vez de Luis Carlos e Zé Uílton, perdeu Nico Gaitán à passagem do primeiro quarto de hora, devido a problemas físicos. Zé Uílton substituiu o argentino e, um minuto depois de entrar em campo, fez uma entrada arrepiante sobre Anderson Oliveira, por trás. João Pinheiro, depois de ver as imagens, trocou o cartão amarelo pelo vermelho direto.

O Paços reorganizou-se num 4x4x1 – o Portimonense também mexeu, já que Anderson ficou lesionado com alguma gravidade - e procurou disfarçar a inferioridade numérica, mas deu novo tiro dos pés após a meia-hora de jogo, quando perdeu Yago Cariello de vista na ressaca de um pontapé de canto e deixou o avançado sem marcação.

Pedro Sá descobriu o possante brasileiro na área pacense, completamente isolado, e levantou de pé esquerdo para a cabeça do ponta-de-lança que os algarvios descobriram no União de Santarém. Yaro, dono de um pé esquerdo interessante e de uma capacidade física assinalável, promete dar cartas na Liga portuguesa. Aliás, logo ao 13.º minuto de jogo, ficou perto do golo com um belo remate de fora da área.

OS DESTAQUES DO P. FERREIRA-PORTIMONENSE, 0-3

A esperança e a derradeira estocada

O Portimonense sentiu-se dividido entre a tentação de defender a margem mínima e a ambição de explorar a superioridade numérica à procura do segundo golo. Logo após o intervalo, por exemplo, Luquinha lançou Welinton Júnior e o extremo, já de ângulo apertado, atirou ao ferro da baliza do Paços de Ferreira.

Honra seja feita ao Paços. Com dez, na raça e com coração, foi provocando alguns calafrios ao adversário. Ao minuto 60, foi o ponta-de-lança da equipa visitante, Yago Cariello, a negar o golo a Pedro Granchas, que surgiu em excelente posição à entrada da área contrária.

Paulo Sérgio foi refrescando o setor intermediário, procurando não abrir espaços para uma surpresa, mas Matchoi – o mais inconformado dos locais -, ainda ameaçou o empate num par de ocasiões. Na primeira, a mais flagrante, Samuel Portugal agigantou-se e anulou o perigo.

Já com o adversário a dar naturais sinais de exaustão, os algarvios dissiparam quaisquer dúvidas por intermédio de Luquinha (81m) e Ewerton (84m). Os dois jogadores trocaram papéis nos golos. Ewerton assistiu Luquinha para o 0-2, o compatriota devolveu a gentileza no 0-3. Desfecho natural na Capital do Móvel.

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