Boavista-Famalicão, 0-1 (crónica)

Ricardo Jorge Castro , Estádio do Bessa, Porto
11 jan 2020, 20:08

Prova viva de fama

O Famalicão só esteve 23 segundos com 11 jogadores em campo, mas saiu do Bessa com os três pontos pelo pé direito de Toni Martínez. Prémio ao compromisso do terceiro classificado da Liga, cada vez menos uma surpresa, mais uma afirmação.

Um cartão vermelho recorde e uma espera imensa num lance pouco provável deram início a um Boavista-Famalicão que Rafael Defendi, expulso após uma falta aos 23 segundos, mal jogou: Paulinho chegou primeiro à bola e o castigo foi total para o guardião famalicense.

Duro revés para quem chegou ao Bessa com o pódio à prova, a contrariar qualquer normal desenrolar de um jogo. Mas o futebol também é isto: pródigo em improbabilidades, rico em surpresas. Mal sabia Ivo Pinto, novidade no onze e em estreia, que iria ser sacrificado para Vaná ocupar a baliza ainda a frio. Mas mal sabia que iria sair a sorrir. Ele, toda a equipa e os cerca de 500 adeptos num dos topos.

O jogo jogado começou verdadeiramente ao minuto sete, após Rui Costa ter esperado quatro minutos e meio para validar a expulsão.

O teste ao terceiro classificado dobrava numa casa de respeito, na qual o Boavista procurava ser mais feliz ao segundo jogo de Daniel Ramos. A pantera, em superioridade, até rugiu nos primeiros momentos, mas a área de Vaná permaneceu quase intacta, à exceção de um chapéu negado a Heriberto.

O Famalicão soube defender-se de quase tudo. Assentando num 4x2x3 com o recuo de Diogo Gonçalves, teve eficácia de Fábio Martins e Pedro Gonçalves a acompanharem a variação de flanco na construção de jogo do Boavista, que teve entretanto saída forçada de Fabiano por lesão.

Boavista-Famalicão: toda a reportagem do jogo

O ascendente do Boavista foi travado após 30 minutos e de uma tentativa de Rafael Costa. A partir daí, o jogo partiu muito: transições sucessivas após lances de bola parada, espaços nas costas das defesas. Jogo pouco cirúrgico, de coração a palpitar. A entusiasmar o adepto. E até foi o do Boavista a suspirar mais de alívio com o intervalo.

Tudo porque o Famalicão teve três claras ocasiões não concretizadas. Primeiro, o chapéu de Fábio Martins à saída de Helton Leite da área saiu torto. Depois de uma saída arriscada, o guardião agigantou-se na baliza: tapou o remate de Pedro Gonçalves e voou ao cabeceamento de Fábio.

O Boavista apertou em cima do descanso, mas o nulo persistiu e lançou uma segunda parte não tão espetacular no capítulo ofensivo, mas intensa e expectante pelo marcador.

A pantera cresceu perto da hora de jogo, mas sem grande sucesso. Faltava mais afinco a Stojiljkovic, Paulinho e Heriberto. Vaná até fez duas grandes defesas, mas os lances estavam anulados.

Foi já perto do fim que o jogo ficou decidido, numa altura em que o Famalicão estava mais certo a defender e a atacar. Há dez minutos em campo, Toni Martínez decidiu com um remate cruzado após Pedro Gonçalves ter ganho a bola a meio campo.

O golo aqueceu um jogo no qual o Boavista pouco soube aproveitar a superioridade, também por mérito dos homens de João Pedro Sousa. Já em desvantagem, a pantera ficou também com dez, após Rui Costa ter considerado uma peitaça em Riccieli, num lance que começou com uma falta de Toni Martínez.

Pedro Gonçalves, pêndulo em campo, não colocou a cereja no topo da vitória porque não enganou Helton num chapéu. Desperdiçou, sim, mas esta é também uma vitória de tirar o chapéu e fazer vénia, numa prova viva de Fama(licão).

O resumo do jogo:

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