Dez pistas para o que fica do Clássico

13 fev 2023, 08:05
Sporting-FC Porto (Lusa)

FC Porto venceu Sporting pela terceira vez esta época e mantém pressão na luta pelo título, enquanto o leão se afunda mais ainda, depois de um jogo marcado pelas decisões de Amorim a partir do banco

O FC Porto voltou a vencer o Sporting pela terceira vez nesta temporada e mantém viva a Liga, enquanto os leões se afundam mais e mais no quarto lugar. Depois de um jogo marcado por surpresas, dos onzes às alterações a partir do banco do Sporting, o Maisfutebol lança algumas pistas para a análise do clássico da 20ª jornada da Liga.

Duas semanas depois, um filme parecido

O segundo clássico em duas semanas terminou com o mesmo desfecho, mas foi um jogo menos tenso do que o 2-0 que valeu a primeira Taça da Liga para o FC Porto. Olhando para alguns dados estatísticos, há tendências que se repetem. Também agora o Sporting teve mais bola – 56 contra 44 por cento – e visou mais vezes a baliza, aqui com uma diferença substancial em relação à final da Taça da Liga: 16 remates dos leões e 10 do FC Porto, contra os 11-4 de Leiria. Num jogo de muitas experiências no Sporting e de contenção do lado do FC Porto, uma vez mais os dragões geriram melhor e foram mais eficazes. Este foi menos faltoso do que os outros dois clássicos desta época entre as duas equipas, com 11 faltas do Sporting e 12 do FC Porto, e foi aliás o primeiro dos últimos quatro confrontos entre ambos que terminou sem qualquer jogador expulso.

Animou a Liga, afundou-se o leão

A vitória do FC Porto anima a Liga. Os dragões estão agora a cinco pontos do líder Benfica, que assistiu a esta ronda a partir do sofá, depois de ter antecipado e vencido o encontro com o Paços de Ferreira. O clássico era crucial para as duas equipas, em contextos diferentes, e a derrota afunda ainda mais o Sporting. São 15 pontos de distância para a liderança, mas já não é em relação ao título que se fazem as contas dos leões. É também a luta pelos lugares de Liga dos Campeões que fica ainda mais em causa, com o segundo lugar a 10 pontos de distância e o terceiro a oito, depois de o Sp. Braga ter fechado o domingo a vencer em casa do Marítimo.

Uma ficha cheia de surpresas

Ao terceiro clássico da época houve espaço para muitas novidades. Sobretudo do lado do Sporting, onde Rúben Amorim deu a titularidade pela primeira vez a Fatawu, o jovem ganês que até aqui tinha somado apenas 36 minutos em campo na Liga, bem como ao recém-chegado Bellerín. Além disso o treinador manteve a aposta em Chermiti, deixando Paulinho no banco, depois da despenalização do avançado pela via judicial. Surpreendeu até Sérgio Conceição, como admitiu o treinador portista. Depois mudou muito, já lá vamos. No FC Porto, entre muitas baixas por lesão, também Sérgio Conceição lançou uma novidade, apostando em André Franco, titular na Liga apenas pela segunda vez, depois da boa exibição frente ao At. Viseu para a Taça de Portugal.

Uribe caça-leões e a estrela de Chermiti

Foi um clássico entretido, ainda que sem grandes destaques individuais. Começou a decidir-se num ressalto feliz, a meia hora do final, que valeu o primeiro golo do FC Porto e voltou a deixar Uribe ligado à história de um clássico com o Sporting. Depois de ter marcado na vitória portista na primeira volta, o médio inaugurou o marcador esta noite. Foi o seu terceiro golo frente ao Sporting, ele que já tinha marcado também no empate a dois golos em Alvalade na época 2020/21. O clássico ainda assistiu a um bonito chapéu de Pepê, antes de Chermiti dar argumentos para validar a aposta de Rúben Amorim. O jovem avançado de origem tunisina tinha visto pouco antes um golo não validado por fora de jogo, mas depois marcou mesmo, num cabeceamento certeiro já nos descontos. Lançado em estreia absoluta no dérbi com o Benfica, Chermiti somou o terceiro jogo a titular e marcou pelo segundo jogo seguido, depois de ter assinado o golo da vitória sobre o Rio Ave. Aos 18 anos, Chermiti ganha um protagonismo que ninguém anteciparia há pouco mais de um mês. No final até teve direito a um cumprimento especial de Sérgio Conceição.

O entra e sai de Amorim

Este é seguramente um ponto quente para a discussão do Clássico. Depois de ter inovado no onze, Rúben Amorim passou o jogo a fazer alterações. Aos 34 minutos fez sair Trincão – quis jogar mas tinha uma amigdalite, diz o técnico – para entrar Paulinho. No início da segunda parte deixou cair a aposta em Fatawu para dar lugar a Nuno Santos. E a seguir tirou Bellerín para dar lugar a Esgaio, que saiu… 15 minutos mais tarde, depois de o Sporting sofrer golo. O treinador diz que o fez a pensar na equipa e até pediu desculpa ao lateral. Nessa altura entrou Arthur e ao mesmo tempo, a 20 minutos do final, Amorim lançava o reforço de inverno Diomandé para o lugar de Matheus Reis, esgotando as substituições. No final, defendeu as apostas: «Eu não andei nada perdido, li aquilo que o jogo pediu.»

Olha quem voltou no dragão

Foram abordagens completamente diferentes as dos dois treinadores no decorrer do jogo. Sérgio Conceição só mexeu na equipa perto do final, já depois de esgotadas as substituições no Sporting, tirando primeiro Galeno, com queixas. Depois promoveu três alterações, numa lógica de rotação, promovendo dois regressos com muito que contar. Manafá não jogava na Liga há mais de um ano, desde dezembro de 2021, depois de uma grave lesão contraída no clássico com o Benfica. Depois de alguns minutos no jogo de Taça de Portugal com o Anadia, em outubro, o lateral tinha prosseguido a reintegração na equipa B, completando agora o ciclo. Também David Carmo voltou a vestir a camisola portista após longa ausência. O central, que chegou no defeso com o rótulo de contratação mais cara de sempre do FC Porto, não era opção desde final de outubro, há mais de três meses. Agora, entrou a um minuto do final do tempo regulamentar.

O reforço do ascendente portista no clássico

Três jogos nesta época, três vitórias do FC Porto. São cinco seguidas em absoluto, algo inédito, numa série de oito jogos em dois anos sem que o Sporting consiga vencer os dragões: a última vez foi na meia-final da Taça da Liga de 2020/21. Não é de agora: a última vitória do Sporting sobre o FC Porto para a Liga foi em agosto de 2016, há cinco anos e meio. Pelo meio houve as conquistas da Taça da Liga e da Taça de Portugal em 2018/19, empates que valeram títulos para o Sporting frente ao FC Porto já de Sérgio Conceição, mas Alvalade já foi território bem mais inóspito para os dragões, que venceram três das últimas cinco visitas a casa do Sporting. Números que reforçam uma tendência, ainda que Rúben Amorim diga que «sentia mais» a superioridade do FC Porto quando o Sporting não perdia e insista na evolução da equipa.

A agonia do Sporting

À medida que a época avança adensa-se a agonia do Sporting. Este é de longe o pior registo de Rúben Amorim, a aproximar-se perigosamente dos números de má memória da temporada 2019/20 na Liga. Nessa altura tinha 35 pontos à 20ª jornada, menos três do que os atuais 38. Quando o treinador chegou em março, o leão estava a 20 pontos da liderança, que seriam 22 no final da temporada. Tudo mudaria daí para a frente. O Sporting foi campeão logo na época seguinte e venceu títulos em todas as temporadas. Mas esta época o leão já caiu na Taça de Portugal, perdeu a final da Taça da Liga, caiu da Liga dos Campeões e, sobretudo, está a fazer um campeonato muito abaixo do patamar a que Amorim tinha levado a equipa. Já perdeu mais pontos do que em toda a época passada, não conseguiu somar mais de três vitórias seguidas em nenhum momento na atual edição da Liga e, se esse mau campeonato assenta sobretudo na irregularidade dos resultados como visitante, agora ele questiona também a ideia de Alvalade como fortaleza do leão, onde tinha até aqui perdido apenas três pontos, na derrota com o Desp. Chaves. A descrença estende-se aos adeptos e fica expressa na forma como muito abandonaram as bancadas de Alvalade ainda com o jogo a decorrer. 

A recuperação portista

Desde que perdeu o clássico da primeira volta com o Benfica, a 21 de outubro, o FC Porto não voltou a sofrer uma derrota. São 21 jogos consecutivos invicto, num período em que perdeu apenas quatro pontos na Liga, nos empates com Santa Clara e Casa Pia. Mais do que isso, o triunfo no clássico deste domingo representa a nona vitória consecutiva, numa série que inclui a inédita conquista da Taça da Liga. Depois de um arranque de época inconstante que custou o atraso para a liderança, o FC Porto cerrou fileiras e confirmou no clássico que está aí para o que der e vier. Já com um título no bolso e com tudo em aberto para o que resta da época.

Agora a Europa no meio das contas da Liga

Passado o clássico é tempo de olhar para o que aí vem, naquela que é a fase mais intensa da época. A juntar às decisões da Liga, regressam as competições europeias. O Sporting começa a jogar o futuro na Liga Europa já nesta quinta-feira, na primeira mão do play-off com o Midtjylland. Tudo se decidirá numa semana e pelo meio há a deslocação a Chaves para a Liga. Depois de já terem defrontado Sp. Braga e FC Porto na segunda volta, já só resta a receção ao Benfica na última jornada para completar o ciclo de duelos dos leões com os principais rivais. O FC Porto só entra em competição na Liga dos Campeões daqui por dez dias. Antes disso terá a receção ao Rio Ave para a 21ª jornada da Liga. Depois sim, a visita a Milão para começar a discutir com o Inter os oitavos de final da Champions, que só se decidirão três semanas mais tarde. Pelo meio há três jornadas de Liga, frente a Gil Vicente e Estoril no Dragão e com uma visita a Chaves. A seguir vem um ciclo que poderá ser decisivo nas contas do campeonato, com a visita a Braga à 25ª jornada, duas semanas antes do clássico na Luz.

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