Casa Pia-Gil Vicente, 1-3 (crónica)

Rafael Vaz , Estádio Nacional, Oeiras
22 jan 2023, 20:03

Navarro descobriu o caminho na Mata do Jamor

Quase 400 quilómetros separam Lisboa de Barcelos, mas há uma coisa a unir, pelo menos nos últimos meses, Casa Pia e Gil Vicente.

Os gilistas foram sensação da Liga na época transata, e conseguiram inclusivamente uma qualificação histórica para as competições europeias. Em 2022/23, têm sido os gansos a sensação do campeonato, e essa eventual presença na Europa não é uma utopia.

Esta noite, no Estádio Nacional, a ex-sensação ganhou à atual sensação. E ganhou bem, diga-se.

Uma entrada forte antes do frio

O Gil, na ressaca da campanha da temporada transata, está numa posição bem mais delicada da tabela classificativa: partiu para este encontro na 15.ª posição, e apenas dois pontos acima da linha de água.

Mas a entrada de Daniel Sousa no comando técnico lavou a cara a este galo, que soma cinco vitórias nos últimos sete jogos. E este registo deu, sem dúvidas, outra tranquilidade à equipa de Barcelos, a contrastar com o momento menos fulguroso do Casa Pia, porventura o pior da época.

FILME E FICHA DO JOGO.

No Jamor, o Gil entrou melhor e até a barra de Ricardo Batista foi beijada por uma bola rematada por Fujimoto, aos 13 minutos, e já depois de Murilo e Fran Navarro terem ameaçado o golo.

Mas depois o jogo arrefeceu, à boleia da noite fria que pousou sobre a Mata do Jamor. Aqui e ali alguns lances de maior bruá, mas insuficiente para aquecer as bancadas.

Casa Pia estudou bem, mas foi Navarro a descobrir o caminho na Mata do Jamor

Na segunda parte, no entanto, não foi preciso esperar muito pela agitação provocada pela festa do golo.

O Casa Pia estudou bem a lição ao intervalo, e pôs esse estudo em prática para «inventar» o 1-0 logo aos 13 segundos do segundo tempo. Foi Rafael Martins a assinar o golo.

A reação gilista, no entanto, foi avassaladora. E foi avassaladora, em grande parte, porque o Galo tem num ataque um artista capaz virar um espetáculo ao contrário sozinho, ou quase. Falamos de Fran Navarro, claro.

Quatro minutos depois do tento inaugural de Martins, Navarro pôs mãos à obra e arranjou forma de empatar a partida, num remate acrobático. Mas não ia ficar por aqui. Quatro minutos depois, o ganso distraiu-se na defesa e Vítor Carvalho apareceu sozinho na área para cabecear para o 2-1. Nessa altura, diga-se, era uma questão de cabeça.

Talvez atordoado com a reação barcelense, o Casa Pia congelou durante aqueles minutos e voltou a ser castigado por Navarro, em mais um grande golo desta vez patrocinado por um excelente passe de Tomás Araújo. Estavam decorridos 63 minutos.

Não foi preciso nem um quarto de hora para o Gil destruir a ambição do conjunto lisboeta, demonstrada pelo golo de Rafael Martins. Com uma vantagem sólida, os homens de Daniel Sousa souberam ter a inteligência necessária para não deixar sequer o Casa Pia reentrar no jogo.

Nesse aspeto, de resto, só um lance de bola parada, nos descontos, que acabou com um remate à barra de Rafael Martins, ameaçou a estabilidade gilista, feliz na Mata do Jamor após Navarro descobrir o caminho para a vitória.

O Gil está a crescer, e no caminho certo para curar a ressaca europeia que afastou o galo da felicidade durante grande parte desta primeira volta. O Casa Pia está numa fase menos sorridente, mas isso não apaga o excelente percurso construído até aqui. Pode preocupar, mas não apaga.

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