Pressão aliviada à cabeçada
O Benfica regressou este domingo às vitórias, depois de quatro jogos sem vencer, ao bater o Estoril por um magro 1-0, em jogo da 29.ª jornada da Liga. Roger Schmidt assumiu total responsabilidade pelos resultados negativos que abalaram a onda vermelha neste mês de abril, agiu em conformidade, promoveu, finalmente, mudanças e a equipa respondeu com uma exibição convincente que lhe permitiu recuperar a vantagem sobre o FC Porto e Sp. Braga. Mas é preciso dizer que o Benfica teve de sofrer até ao golo inaugural de Otamendi, já sobre o intervalo, com dificuldades em disfarçar a ansiedade crescente que disparou depois de João Mário desperdiçar um penálti.
O treinador alemão prescindiu de Gilberto e de Florentino, fazendo recuar Aursnes para o corredor direito e escancarando as portas para as entradas de João Neves e David Neres no onze. Uma pequena revolução em resposta aos resultados negativos que permitiram ao FC Porto recuperar nove dos dez pontos que o Benfica chegou a ter de vantagem na classificação.
O Benfica entrou com tudo no jogo, subindo todas as linhas para o meio-campo do Estoril que recuou em bloco na defesa de Dani Figueira, para um jogo que, desde o primeiro minuto, foi praticamente de sentido único. O Benfica tinha a bola, tinha a iniciativa e, com o estádio mais uma vez cheio, começou a criar oportunidades atrás de oportunidades. Foi João Neves que deu o mote com o primeiro remate, de cabeça (!), na sequência de um canto de Chiquinho. Logo a seguir Gonçalo Ramos também cabeceou por cima da trave e Rafa, a cruzamento de Aursnes, também teve uma oportunidade soberana para abrir o marcador. Tudo isto nos primeiros vinte minutos alucinantes em que o Estoril se limitou a defender com todos os recursos que tinha.
A verdade é que os minutos iam correndo e a bola não entrava. O nervosismo começou a passar das bancadas para o relvado onde os jogadores protestavam quase todas as decisões de Rui Costa, como foi mais evidente num lance em que Aursnes, pressionado por Tiago Araújo caiu na área. O lance foi analisado pelo VAR e Rui Costa mandou seguir, deixando as bancadas em polvorosa.
Mais dez minutos e novo lance polémico, com João Mário a cair também na área, tocado por, mais uma vez, Tiago Araújo. A equipa do Benfica voltou a cair sobre Rui Cota que, depois de rever as imagens, marcou mesmo penálti. Foi o próprio João Mário que foi marcar, atirou para o centro, mas Dani Figueira conseguiu defender com o pé esquerdo. A ansiedade subiu para os píncaros na Luz, mas por poucos minutos.
Na sequência de um canto, sobe a direita, João Mário tocou para David Neres que, num curto espaço do relvado, conseguiu desembaraçar-se de dois adversários, ganhou a linha de fundo e cruzou para o segundo poste onde surgiu Otamendi a imprimir uma cabeçada que sobrevoou Dani Figueira e encaixou nas redes. Mais do que a festa, sentiu-se um enorme alívio nas bancadas. O Benfica estava em vantagem. Otamendi festejou a bater com a mão no peito, mas a verdade é que o argentino, antes do golo, tinha perdido várias bolas e Roger Schmidt tinha colocado Morato e Lucas Veríssimo a aquecer. O golo fez o treinador mudar de ideias.
Um golo que serenou as bancadas e também a equipa do Benfica que regressou para a segunda parte com a mesma intensidade, mas bem mais tranquila sobre o terreno de jogo, sem pressa em chegar a um novo golo, mas sem abdicar do controlo total do jogo. O Estoril regressou ainda mais compacto depois de Ricardo Soares ter abdicado de Tiago Araújo para reforçar a zona central com Francisco Geraldes.
Benfica sempre com a bola até ao fim
O jogo voltou a ser de sentido único com o Benfica a carregar e o Estoril sem conseguir sair da teia montada pelo adversário, chegando apenas à área de Vlachodimos em lances de bola parada, como o livre de João Carvalho que permitiu a Pedro Álvaro cabecear por cima da trave. Roger Schmidt prescindiu depois de Chiquinho e Gonçalo Ramos para lançar Florentino e Musa, deixando João Neves, sempre muito ativo, em campo. O Benfica chegou a festejar novo golo, com assistência de Rafa e finalização de Musa, mas Aursnes estava adiantado no início do lance e não valeu.
Uma decisão aceite, desta vez, sem protestos, uma vez, como já dissemos, o Benfica estava bem mais tranquilo, mantinha a posse de bola e o controlo total do jogo. Ricardo Soares bem tentou abanar a sua equipa, uma vez que o resultado estava em aberto, mas sem grande sucesso, uma vez que eram os jogadores de Roger Schmidt que tinham a bola e não abdicavam dela.
O Benfica teve novas oportunidades para matar o jogo, com destaque para um desvio de João Mário que levou a bola a roçar o poste, mas o resultado não voltou a sofrer alterações. Um golo solitário do capitão Otamendi que vale três preciosos pontos numa altura determinante do campeonato.
Há quase dez anos, na temporada de 2012/13, o Benfica cedeu um empate diante do Estoril (1-1) que acabou por lhe custar muito caro, no título que ficou marcado pelo golo de Kelvin no Dragão, mas esta tarde os canarinhos não estiveram nem perto de voltar a interferir no campeonato. O Benfica recupera a vantagem de quatro pontos sobre o FC Porto e de seis sobre o Sp. Braga que lhe permitem continuar a depender de si próprio para chegar ao 38.