Mensagem profunda nas redes sociais
Duarte Gomes, conceituado árbitro português, deixou uma mensagem profunda nas redes sociais.O juíz procura colocar os adeptos na sua pele para explicar as dificuldades sentidas pela sua classe.
A mensagem está a ser aplaudida pelos seguidores de Duarte Gomes, numa altura em que os árbitros ameaçam boicotar as últimas cinco jornadas da Liga
E você, o que acha? Leia e comente:
« E se de repente eu fosse o adepto e tu o árbitro? E se de repente trocássemos de lugares? Tu serias eu e eu seria tu. Tu pegavas no apito e cartões, usavas os meus equipamentos de jogo e ias lá para dentro. Eu vestia a T-Shirt do teu ídolo, punha o teu cachecol e saboreava um cachorro quente. E uma cerveja também.
Tu passavas a ser insultado por mim e eu passava a insultar-te. Do princípio ao fim.
Tu entravas em campo sob um tremendo coro de assobios e eu era um dos muitos que te assobiava. Com todas as minhas forças.
Tu sentias a responsabilidade de ter que dar o teu melhor e eu a obrigação moral de te massacrar caso não o fizesses. Mesmo que o tentasses.
E se de repente tu tivesses que decidir uma coisa que não viste, que não conseguiste ver ou que viste mas que te deixou muitas dúvidas? E eu tivesse que te relembrar como tenho grande afinidade à tua mãe, à tua irmã, à tua mulher e à tua filha?
E se repente te visses rodeado de gente que entrou por todos os lados sem que tu o pudesses evitar e eu fosse um dos que saltei, pulei, entrei e te cerquei também?
E se de repente percebesses que erraste? Que não estiveste bem? Que não foste feliz? Que não correu como querias? E eu fosse aquele que te relembrasse isso todos os dias, todos os meses, todas as épocas... toda a vida?
Para que a tua autoestima vacilasse ao ponto de quase duvidares da tua competência e qualidade.
E se de repente tentasses ser pedagógico num jogo de miúdos e quisesses ensinar um jovem a fazer um lançamento lateral corretamente... e eu te dissesse que o teu trabalho era arbitrar e calar, porque o menino já tinha quem o ensinasse a fazer isso? E se de repente, nesse jogo, tu apenas aplicasses e cumprisses a lei e eu te dissesse que a tua obrigação era também a de ensinar o pequenito e não apenas a de puni-lo?
E se de repente desses uma entrevista procurando abrir com transparência as portas àquilo que fazes e eu te dissesse para arbitrares mais e melhor e falares menos?
E se de repente escolhesses não dar uma entrevista para não seres mal interpretado e indiscreto e eu te dissesse que devias falar mais porque vives num mundo corporativista, de silêncios cúmplices, onde sempre impera a lei da rolha?
E se de repente estivesses a passear com a tua família num domingo soalheiro e fosses incomodado, importunado, ofendido e ameaçado e eu fosse aquele que te incomodasse, importunasse, ofendesse e ameaçasse?
E se de repente quisesses ser honesto e assumir publicamente a tua cor clubística e eu te dissesse que já sabia, porque nunca me tinhas enganado? E se de repente optasses por nunca o fazer para protegeres a tua idoneidade e evitares te colocar no centro da polémica e eu te dissesse que quem não deve não teme e devias ter vergonha de não assumires as coisas frontalmente, como os homens fazem?
E se de repente. E se de repente. E se de repente...
Acorda. Estava a brincar.
Continuas a ser tu. Eu continuo a ser eu.
- 'Nunca julgues alguém pela forma como ele anda a menos que estejas preparado para calçar os seus sapatos'»