2014/15: os desafios do Sporting

22 mai 2014, 02:26
Nacional-Sporting

Marco Silva terá missão dura pela frente.

Marco Silva é o novo homem do leme.
O Sporting garantiu, como sucessor de Leonardo Jardim,
um técnico competente, com provas dadas, capaz de produzir um futebol agradável, espremendo todas as qualidades dos seus jogadores, e de reconstruir equipas
. A nível de discurso, esse que é usado muitas vezes para incendiar ânimos e motivar homens, sempre foi capaz de transmitir a mensagem correta para fora e também para dentro. Se não o conseguisse não teria os resultados que tem no currículo. O risco existe, obviamente, porque o Sporting não é o Estoril e o calor dos holofotes não queima a cara dos treinadores da mesma forma na Amoreira ou em Alvalade. Nem um mau resultado tem obviamente o mesmo peso. Mas, um pouco a exemplo do que acontecerá no Dragão, a maior fatia de responsabilidade do sucesso ou insucesso de Marco Silva (e Lopetegui) dependerá dos ovos que lhe derem para fazer omeletas.

Analisando friamente os resultados da época passada, o Sporting não conseguiu vencer o Benfica em nenhum dos jogos da Liga, foi eliminado da Taça de Portugal pelos encarnados e da Taça da Liga pelo FC Porto. Na Europa não esteve por culpa da pior temporada da história. Estes são os factos, e não incluem aqui qualquer valorização de justiça ou injustiça nos resultados. Ou seja, apesar de uma época bem melhor do que a anterior, bastante condigna, o trabalho do Sporting foi curto em relação aos rivais, apesar de ter ganho, em Alvalade, ao FC Porto e ter terminado à frente deste no campeonato.

Os leões não balançaram muito a nível de opções, mas provavelmente ainda hoje lamentam não terem tido William Carvalho na Luz para a Liga e, assim, terem sucumbido de forma inapelável no arranque do rival para o título.  As dificuldades vão aumentar porque vem aí a Liga dos Campeões, e o plantel terá de ser esticado ainda mais, em qualidade e quantidade. A equipa de Alvalade partirá do sorteio no pote 3, o que significa que terá pela frente duas equipas, pelo menos, de elevado grau de dificuldade. E a presença na prova milionária, com jogos de elevada intensidade a meio da semana, terá inevitavelmente repercussões nas restantes competições, sobretudo na mais importante, o campeonato. O desafio poderá subir ainda mais de tom, se unidades nucleares como Rui Patrício e William Carvalho deixarem Alvalade. 

Começando pela baliza, se não houver  Rui Patrício (o que está longe de ser um dado adquirido), Marcelo é o mais sério candidato ao lugar. E há Vítor Golas, na equipa B, mas sem perspetivas de ser número 1. É provável que sem Patrício o Sporting seja tentado a contratar um guarda-redes. Usará Marco Silva os seus conhecimentos na Amoreira?

Na defesa, Cédric fez uma boa temporada, tal como Maurício, Rojo e Jefferson. Aos 20 anos,  Eric Dier continua na sombra, à espera de jogar mais minutos e também ele crescer. Rúben Semedo tem somado casos de indisciplina e a sua afirmação parece uma miragem. Welder, Piris e Gerson Magrão já receberam guia de marcha. Paulo Oliveira, um excelente valor, foi contratado. Regressará Tobias Figueiredo ainda, depois de empréstimo. Existe também por resolver a situação de Miguel Lopes, que passou a época emprestado ao Lyon e que poderá ser alvo de nova cedência, e Nuno Reis, que poderá convencer o Cercle Brugge a exercer o direito de opção. O setor defensivo aparenta ser, nesta altura, o mais fragilizado, apesar de continuarem, até prova em contrário, os cinco titulares.

No meio-campo, Jardim apostou muitas vezes no tridente William, Adrien e André Martins, e foi esse que mais rendimento teve. Mas o último foi o elo mais fraco do setor, e parece estar perante um momento de alguma estagnação. Rinaudo, que esteve emprestado, poderá voltar. Vítor não se afirmou. Shikabala, com o seu perfume africano, será para levar totalmente a sério? Wallyson e Chaby, sobretudo o primeiro, poderão ser nomes a tentar conquistar o seu espaço na próxima época. Ricardo Esgaio poderá também ser útil. Voltará João Mário, que será certamente aposta depois da boa época em Setúbal, reconhecida com a pré-convocatória para o Mundial; foi contratado Slavchev, uma promessa búlgara. Há ainda Zezinho… E o eterno Diogo Salomão.

No ataque, há muito para resolver. Labyad continuará emprestado ao Vitesse na próxima temporada, uma vez que foi cedido por ano e meio. Mas será o rendimento de Capel suficiente para justificar um dos salários mais altos da equipa? Fredy Montero não marca um golo em jogos oficiais há meses, e vai entrar na nova época enrolado num manto de incerteza, ele que foi grande aposta de Bruno de Carvalho. Carrillo continua a alternar bons momentos com uma irregularidade enervante. Wilson Eduardo começou bem, mas perdeu o seu espaço. E Heldon, chegou para convencer?

Mané foi, obviamente, uma lufada de ar fresco e acabou por resolver a quebra de produtividade dos extremos, bem descrita neste artigo de opinião. Slimani resolveu muitos problemas. Nomes como Dramé e Enoh também poderão começar a aparecer. Viola e Diego Rúbio terão novas oportunidades para mostrar valor, ou o clube já desistiu deles? E Betinho? Cissé, reforço emprestado ao Arouca, terá que futuro?

As definições de grande parte do plantel leonino vão começar agora, com Marco Silva. Não há dúvidas que há muito trabalho pela frente. Mesmo que se segurem as jóias.

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