Leslie Van Houten sai da prisão 53 anos depois. A mais nova da seita de Charles Manson é uma mulher de 73 anos livre

12 jul 2023, 11:35
Leslie Van Houten (imagem AP)

Leslie foi detida em 1971, quando tinha apenas 19 anos, e saiu agora em liberdade, com 73 anos

Hoje tem 73 anos e o rosto de Leslie Van Houten é bem diferente daquele que entrou na prisão. Tinha apenas 19 anos, quando começou a cumprir pena na Califórnia, em 1971, e por lá ficou 53 anos. Van Houten era o membro mais novo da “Família Manson”, o culto liderado por Charles Manson e que foi responsável por pelo menos nove homicídios nos Estados Unidos, no início da década de 70.

Leslie confessou ter participado num dos crimes, no homicídio do dono de um pequeno supermercado de Los Angeles e da sua mulher, Leno e Rosemay LaBianca, em 1969. Durante o crime - que ocorreu dias antes do assassinato da atriz Sharon Tate e de outras quatro vítimas - Van Houten segurou o corpo de Rosemary enquanto outra pessoa a esfaqueava.

As mortes de Leno e Rosemary LaBianca foram dos homicídios mais violentos da "Família Manson". No total, o casal foi alvo de 169 facadas e sete tiros.

Ao longo destas mais de cinco décadas na prisão, Leslie acrescentou que esfaqueou a Rosemary depois de ela já estar morta. Os detalhes do sucedido foram partilhados durante uma entrevista da CNN, conduzida por Larry King, em 1994 (que pode ver Aqui).

Leslie Van Houten (à esquerda), Susan Atkins (ao centro) e Patricia Krenwinkel (à direita). Fotografia capturada aem julho de 1970. (Fonte: Getty)

À CNN, Nancy Tetreault, advogada de Leslie, confirmou que a antiga seguidora de Charles Manson deixou a prisão durante a manhã de terça-feira, acrescentando que Van Houten vai ficar três anos em liberdade condicional e tentar arranjar um emprego durante este período.

Esta foi a sexta tentativa da antiga seguidora de Charles Manson de sair em liberdade condicional. As primeira cinco foram negadas pelos governadores do Estado da Califórnia e, anteriormente, foram dezenas os pedidos bloqueados em instâncias menores.

O que Leslie andou a fazer

Foi a “rainha” do baile de finalistas e transformou-se na mais jovem seguidora de Manson. Foi condenada pelo seu papel no homicídio de Leno LaBianca e Rosemary LaBianca e, na prisão, Leslie Van Houten concluiu uma licenciatura e um mestrado, tendo inclusive trabalhado como tutora de outros reclusos.

Leslie Van Houten (ao centro), fotografia capturada em agosto de 1970. (Fonte: Getty)

Em 2016, Van Houten tinha obtido uma recomendação para liberdade condicional, mas o caso acabou por ser rejeitado pelo governador do estado da Califórnia Gavin Newsom e pelo seu antecessor, Jerry Brown.

A última vez que o pedido foi bloqueado foi em 2020. No entanto, a 8 de julho deste ano, Newsom assegurou que não iria continuar a impossibilitar a liberdade condicional de Leslie, abrindo caminho para a libertação consumada na terça-feira.

O governador não esconde, no entanto, a sua desilusão com este desfecho: “Mais de 50 anos depois, as famílias das vítimas ainda sentem o impacto dos assassinatos brutais cometidos pelo culto de Manson”, referiu em comunicado.

Susan Atkins (à esquerda), Patricia Krenwinkel (ao centro) e Leslie Van Houten (à direita), imagem de agosto de 1970. (Fonte: AP)

Agora fora da prisão, Van Houten deverá passar cerca de um ano numa casa de recuperação. De acordo com a advogada, Leslie precisa de aprender a viver com a nova realidade do mundo.

“Se pensarem nisto, ela [Leslie Van Houten] nunca usou uma caixa ATM, nem teve um telemóvel. Está apenas a tentar habituar-se à ideia de que já não está mais na prisão depois de todas estas décadas. Mas, para já, está só a tentar acostumar-se à nova vida fora da prisão ”, explicou Tetrault à CNN.

Durante as sucessivas audiências, Leslie lamentou a sua participação nos assassinatos e envolvimento com Charles Manson, reconhecendo mesmo que se deixou dominar pelo “pensamento individual” do líder do culto.

“Acreditei em tudinho”, disse sobre a crenças de Manson, numa audiência em 2002.

Fotografia da esquerda capturada em abril de 1977 (fonte: Getty) e imagem da direita junho de 2002 (fonte: AP POOL)

Charles Manson ficará eternizado como um dos mais conhecidos líderes de cultos nos Estados Unidos. Manson convenceu os seguidores a cometerem um total de nove homicídios. Manson foi condenado à morte, mas a pena foi comutada em prisão perpétua em 1976. Cumpriu pena até 2017, ano em que morreu por complicações causadas pelo cancro do cólon.

Em 2009, o principal procurador no caso contra Manson, Vincent Bugliosi, afirmou, em entrevista a Larry King, que Linda Kasabian foi a testemunha mais importante para conseguir condenar a família Manson. 

E.U.A.

Mais E.U.A.

Patrocinados