O “Cavaquistão” virou PS e há um distrito onde a vitória esteve em… 15 votos

Catarina Pereira , Notícia atualizada às 8:14
30 jan 2022, 22:02
António Costa em comício em Viseu (Lusa/Miguel A. Lopes)

Socialistas ganharam em todo o Continente e nos Açores, só a Madeira foi exceção. Os números que explicam a vitória cor-de-rosa, círculo eleitoral a círculo eleitoral

O PS venceu as eleições no distrito e no concelho de Viseu, o conhecido "Cavaquistão", numa noite em que os socialistas conquistaram todos os círculos eleitorais do Continente e ainda os Açores. Só a Madeira deu uma vitória à coligação PSD-CDS.

No distrito de Viseu, os socialistas conquistaram 41,55% dos votos, contra 36,79% do PSD. Ambos os partidos elegeram quatro deputados, tal como em 2019, mas o PS garantiu desta vez mais votos: foram 76.316, contra 67.674 dos sociais-democratas.

A vitória socialista em Viseu não acontecia desde 2005, ano da maioria absoluta de José Sócrates, quando o PS teve 40,41% e o PSD 40,18%, tendo elegido ambos quatro deputados também.

Já no concelho de Viseu, o PS conquistou 39,19% dos votos nestas eleições, num total de 20.576. O PSD ficou-se pelos 36,60%, ou seja, 19.219 votos.

Outro distrito com algo para contar esta noite é o de Bragança, onde o PS venceu por... 15 votos. Os socialistas conseguiram 40,30% dos votos, contra 40,2% do PSD. Foram 26.495 votos contra 26.480 votos. Cada voto conta, de facto.

Esta pequena diferença deu aos socialistas dois deputados em Bragança, contra um do PSD. Foi a primeira vez que o PS foi o partido com mais deputados eleitos neste círculo eleitoral.

Tanto em Viseu como em Bragança, o Chega foi a terceira força política, segundo os resultados finais. O partido de André Ventura não conseguiu eleger nestes distritos, mas elegeu em Santarém, com 10,91% neste distrito, numa derrota da CDU, que não elegeu, então, o histórico deputado António Filipe.

O PS venceu no distrito de Santarém, com 41,19% dos votos e 5 deputados eleitos. O PSD elegeu três deputados em Santarém, com 26,87% dos votos.

Outra derrota da CDU deu-se em Évora, onde perdeu um deputado para o PSD. Ficou por eleger o líder parlamentar João Oliveira, com os comunistas a obterem apenas 14,56% dos votos. Foi a primeira vez em democracia que o PCP ou a CDU não elegeu em Évora.

No círculo eleitoral de Évora, nova vitória para o PS, com 43,95% dos votos e os mesmos dois deputados do que em 2019. Cresceu também o PSD, com 21,41% dos votos e a eleição de Sónia Ramos.

Em Coimbra, o PS reforçou a sua votação, obtendo 45,23% dos votos e passando de cinco para seis deputados, à custa do Bloco de Esquerda, que falhou aqui a eleição de José Manuel Pureza. O PSD, com 29,13%, manteve os seus três deputados eleitores por este círculo.

Nova derrota para o Bloco de Esquerda em Braga, tendo perdido os dois deputados que tinha neste círculo eleitoral. CDS-PP também desapareceu neste distrito. Ganhou o PS mais um deputado - elegeu nove no total e obteve 42,02% dos votos - e elegeram, pela primeira vez, Chega e Iniciativa Liberal. Em segundo lugar em Braga manteve-se o PSD, com 34,78% dos votos e os mesmos oito deputados.

Também em Aveiro, o Bloco perdeu os dois deputados que tinha e o CDS perdeu um: foram para o Chega, PS e PSD. Os socialistas venceram neste distrito, com 39,48% dos votos e oito deputados, contra 35,68% e sete deputados do PSD.

Leiria foi mais um distrito onde o BE perdeu o deputado que tinha, tendo o Chega elegido um deputado em troca. O PS conquistou este distrito ao PSD, com 35,73% dos votos, contra 34,68% dos sociais-democratas.

O distrito de Faro trouxe nova troca de deputados: sai um eleito pelo Bloco de Esquerda, entra um do Chega. O PS voltou a vencer, com 39,87% dos votos, contra 24,35% do PSD. Os socialistas mantiveram os seus cinco deputados e os sociais-democratas os três. 

No Porto mudou muita coisa

O PS venceu no distrito do Porto, com 42,53% dos votos e 19 deputados eleitos, mais dois do que em 2019. O PSD ficou-se pelos 32,33% dos votos, tendo perdido um deputado (foram agora eleitos 14).

Este círculo eleitoral deu duas grandes vitórias à Iniciativa Liberal e ao Chega que elegeram deputados aqui pela primeira vez e logo a dobrar: dois para cada. Os liberais subiram, desde 2019, de 1,52% dos votos para 5,11%. Já o partido de André Ventura subiu de 0,61% para 4,37% dos votos.

O Bloco de Esquerda foi a quarta força política neste distrito, com 4,78%, mas perdeu dois deputados (são agora apenas dois).

A CDU perdeu um deputado e manteve outro. PAN e CDS-PP perderam o único deputado que tinham no Porto.

Transferência de votos à esquerda em Lisboa

Em Lisboa, o PS também é o claro vencedor, com 40,83% dos votos e 21 deputados eleitos. 

O PSD também obteve mais votos neste distrito do que há três anos: foram 285.522, contra 248.937 há três anos. As grandes quedas foram à esquerda: Bloco de Esquerda e CDU passaram de terceira e quarta forças políticas, para sexta e quinta, respetivamente. 

Tanto a Iniciativa Liberal como o Chega passaram de apenas um para quatro deputados eleitos por Lisboa.

O Livre, que em 2019 tinha garantindo um lugar com Joacine Katar Moreira, repetiu agora o feito, elegendo Rui Tavares.

Distritos onde tudo se manteve na mesma

Em Viana do Castelo não houve surpresas: três deputados para o PS, três para o PSD, tal como em 2019. Mas a diferença entre os dois foi agora maior: 42,06% para os socialistas e apenas 34,17% para os sociais-democratas.

Tudo na mesma em termos de deputados também no distrito de Vila Real: três para o PS (41,3%), dois para o PSD (39,99%). Foi apenas a segunda vez que o PS venceu neste distrito em eleições legislativas desde o 25 de abril.

Também em Castelo Branco pouco mudou: três deputados para o PS e um para o PSD, tal como em 2019. Mas a diferença entre os dois partidos aumentou, com os socialistas a conquistarem 47,65% dos votos, contra apenas 27,40% "laranjas".

Em Portalegre, círculo eleitoral que apenas elege dois deputados, tudo se manteve como há três anos, com vitória total para o PS e 47,21% dos votos. Nota ainda para o crescimento do Chega, com 11,46% dos votos neste distrito.

Os socialistas obtiveram uma vitória nos 15 concelhos deste distrito, incluindo o de Avis, que era um bastião histórico do PCP: nunca o PS tinha ganho em Avis à CDU.

A queda da CDU em Portalegre não se concretizou em Beja, onde os comunistas mantiveram o seu deputado e 18,42% dos votos. O distrito foi novamente dominado pelo PS, com 43,73% dos votos.

O PSD voltou a vencer na Madeira - ainda que, desta vez, coligado com o CDS -, tendo obtido 39,83% dos votos, contra 31,47% do PS. Ambos os partidos elegeram os mesmos três deputados.

Pouca história para contar também na Guarda, com PS a manter dois deputados (45,10% dos votos) e PSD um (33,52%).

Nos Açores também tudo muito semelhante às últimas legislativas: o PS venceu, com 42,84% dos votos, contra 33,92% do PSD. Os socialistas mantiveram três deputados e os sociais-democratas também mantiveram dois.

Numa altura em que ainda falta apurar uma freguesia no distrito de Setúbal, já é claro que o PS também venceu aqui, e com números expressivos.

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