Ricardo Mexia, autarca do Lumiar, faz vários contratos com assessora visada no processo Tutti Frutti

13 jul 2023, 07:01
Campanha de Moedas "percorreu Lisboa para encontrar soluções"

Médico que lidera a Junta de Freguesia lisboeta assinou com Patrícia Brito Leitão, uma das militantes do PSD investigada no decurso da operação Tutti Frutti, vários contratos por assessoria ao Executivo

Ricardo Mexia, o médico que lidera a Junta de Freguesia do Lumiar, fez três ajustes diretos para serviços de assessoria à colega de partido Patricia Leitão – uma das militantes do PSD que surge no processo Tutti Fruti, e que segundo o Ministério Público, terá há uns anos recebido avenças para prestar apoio ao grupo do PSD na Assembleia Municipal de Lisboa, sem prestar efetivamente os serviços.

O primeiro contrato foi feito logo dois meses depois de Ricardo Mexia ter sido eleito pela Coligação Novos Tempos, do PSD e CDS, como presidente da junta em 2021. Desde então, Mexia, que durante a pandemia esteve à frente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, já fez com a social-democrata três avenças no total de 53.500 euros para assessoria.

Em novembro de 2021 deu luz verde para o primeiro contrato no valor de de 4.900 euros. O segundo veio a ocorrer em janeiro de 2022 de 24 mil euros e o último foi feito em janeiro deste ano no valor de 24.600 euros, tudo mais IVA. Tratou-se, segundo refere o documento que está na plataforma do governo, de um contrato de prestação de serviços “para o exercício de funções de serviços de assessoria técnica ao presidente da junta de freguesia”. Ou seja, Mexia contratou Patrícia Leitão para o assessorar a ele mesmo por um valor mensal de 2.050 euros, como é indicado no documento com o contrato.

Patrícia Leitão, militante do PSD é citada no processo Tutti Fruti, uma investigação do Ministério Público que revela uma teia de influências no poder local entre o PS e o PSD, incluindo com combinações de listas para as autárquicas de 2017. Nessa investigação Patrícia Leitão aparece como uma das militantes que terá recebido, em 2013, avenças mensais de cerca de 1500 euros, dadas por Sérgio Azevedo, ex-deputado do PSD, por serviços técnicos ao grupo social-democrata na Assembleia Municipal de Lisboa, que o Ministério Público suspeita não terem sido efetivamente realizados.

 

Questionado pela CNN Portugal, Ricardo Mexia diz que as contratações se deveram à necessidade de "ter vários serviços a funcionar", por nao existirem "os recursos necessários". "Assim, avançamos com ajustes diretos e processos simplificados. Entretanto já temos vários concursos a decorrer, e portanto quando os processos estiverem concluídos, é expectável que esses serviços deixem de ser necessários", destaca.

Ricardo Mexia sublinha ainda que "a questão de eventual incompatibilidade não parece existir". "Nem o critério de filiação partidária é relevante. Nem de forma positiva, nem negativa. Temos lá pessoas que são militantes em outros partidos e outras que não são militantes em nenhum (que são a maioria)".

Partidos

Mais Partidos

Patrocinados