Durão Barroso, José Sócrates e Passos Coelho foram chamados a tribunal como testemunhas no julgamento do caso EDP, que tem como arguidos Ricardo Salgado e o antigo ministro da Economia Manuel Pinho.
"Conheço o doutor Manuel Pinho há muitos anos", começou por dizer Pedro Passos Coelho esta terça-feira, numa sessão realizada no Juízo Central Criminal de Lisboa. O antigo primeiro-ministro, ouvido na qualidade de testemunha no julgamento do caso EDP, afirma que tomaram café no período em que Pinho era ministro da Economia, quando Passos Coelho se preparava para liderar o PSD. "Foi a única vez que falei pessoalmente com ele. Trocámos mensagens depois, mas mais nada", continua.
No que diz respeito ao arguido Ricardo Salgado, diz que não tiveram um relação pessoal: "Não sou amigo, mas cheguei a encontrar-me com ele quando estava no PSD e no Governo".
Também assegurou que nunca houve favorecimento ou tratamento preferencial ao ex-presidente do Grupo Espírito Santo (GES), nem enquanto liderou o Governo, nem enquanto foi administrador da Fomentinvest.
"Nunca o doutor Ricardo Salgado usou a relação comigo para obter vantagens", frisou.
Passos Coelho recordou também a sua experiência enquanto administrador financeiro da Fomentinvest entre 2004 e 2010, reiterando a ausência de favorecimentos ao BES por o banco então liderado por Ricardo salgado ser também acionista dessa sociedade.
"Seguramente que não. Não tenho conhecimento de nenhum processo que tivesse qualquer relação, quer com o banco, quer com o ministro da Economia. Que seja do meu conhecimento, [a Fomentinvest não foi] nem privilegiada, nem prejudicada", reforçou, esclarecendo que renunciou a todos os cargos da Fomentinvest em 2010.
Questionado pelo advogado Ricardo Sá Fernandes sobre as acusações que incidem sobre Manuel Pinho, a propósito da utilização do Potencial Interesse Nacional (PIN) para favorecer o GES, declara que "não via os PIN como uma autoestrada para fugir à burocracia, mas para agilizar e coordenar do ponto de vista do governo uma resposta tão pronta quanto possível caso tivessem viabilidade".
"Os projetos PIN eram projetos que, à partida, deviam ter um acompanhamento e estudo dedicado, de modo a que pudessem ter um impacto na economia", observou, continuando: "Era seguramente uma intenção clara, no que dizia respeito ao governo, de encontrar uma forma dedicada, atenta e tão célere quanto possível para criar condições para que pudessem ser aprovados nos termos da lei, de modo a que pudessem ter viabilidade e o impacto económico que se desejaria".
Manuel Pinho, em prisão domiciliária desde dezembro de 2021, é acusado de corrupção passiva para ato ilícito, corrupção passiva, branqueamento e fraude fiscal.
A sua mulher, Alexandra Pinho, está a ser julgada por branqueamento e fraude fiscal - em coautoria material com o marido -, enquanto o ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, responde por corrupção ativa para ato ilícito, corrupção ativa e branqueamento de capitais.