Ucrânia: "É inaceitável que as fronteiras da Europa sejam alteradas por via da força", avisa Gomes Cravinho

19 fev 2022, 17:48

Ministro da Defesa Nacional lembra que esta é "uma concentração militar sem precedentes desde o final da guerra fria na Europa" e que está a gerar "grande preocupação"

Presente na Conferência de Segurança de Munique, que reúne representantes dos países membros da NATO, o ministro da Defesa Nacional reiterou que é "absolutamente falso" que a crise na fronteira ucraniana se prende com a intenção de adesão da Ucrânia à organização militar.

Em entrevista exclusiva à CNN Portugal, Gomes Cravinho esclarece que a entrada de Kiev na NATO foi vetada em 2008 por não preencher todos os requisitos necessários e desde então esta nunca voltou a ser uma hipótese em cima da mesa.

“É absolutamente falso que esta crise seja sobre a adesão da Ucrânia à NATO, porque essa matéria não está em cima da mesa. Nem aqui em Munique, nem ao longo dos últimos 13 ou 14 anos, se discutiu essa possibilidade. Essa é uma matéria que é da exclusiva decisão da Ucrânia e dos países membros da NATO, mas desde 2008 que o assunto não discutido”, explica o ministro.

O ministro português revela que o grande tema que tem sido discutido em Munique é a ameaça na fronteira ucraniana. O representante nacional realça que "há uma grande preocupação" e lembra que desde a Guerra Fria, que não existia uma concentração militar tão numerosa na Europa.

"Há uma grande preocupação em torno da elevadíssima tensão que existe por termos uma concentração militar sem precedentes desde o final da guerra fria na Europa e da possibilidade que existe de um qualquer incidente despoletar um conflito militar muito mais alargado”, diz Gomes Cravinho.

Gomes Cravinho refere que "a perspetiva portuguesa", à semelhança de "muitos outros" membros da NATO, é que "é fundamental manter o diálogo". O ministro reitera que "é inaceitável que as fronteiras da Europa sejam alteradas por via da força". Nós temos regras para o relacionamento internacional, são essas regras ainda a imperar e não, simplesmente, a vontade do mais do forte”, evidencia.

Quanto à postura do presidente ucraniano, Cravinho revela que "Zelensky está muitíssimo preocupado em relação áquilo que se passa nas suas fronteiras”. Mas, alerta, no entanto, que o responsável “não apelou que a NATO aceitasse a Ucrânia como membro". "Isso não fez parte do discurso do presidente Zelensky”, esclarece o ministro da Defesa Nacional.

Segundo o representante nacional, Zelensky fez “apelo em duplo sentido”, tendo pedido que a Ucrânia tenha garantias de segurança e o apoio da comunidade internacional para a sua economia não sofrer um “impacto terrível”. O que Gomes Cravinho entende como um apelo à “solidariedade em relação à Ucrânia”.

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