Turquia suspende julgamento do homicídio de Khashoggi

7 abr 2022, 10:06
Jamal Khashoggi

Processo deverá ser transferido para a Arábia Saudita, apesar dos receios dos grupos de defesa dos direitos humanos de que sejam ocultadas provas que levantaram suspeitas sobre o envolvimento do príncipe herdeiro saudita no homicídio

Um tribunal da Turquia suspendeu o julgamento à revelia de 26 sauditas acusados do homicídio de Jamal Khashoggi, jornalista do Washington Post, e pediu que o caso seja transferido para a Arábia Saudita, avança a Associated Press.

A decisão do tribunal acontece apesar dos avisos dos grupos de defesa dos direitos humanos de que entregar o caso à Arábia Saudita vai levar a que sejam ocultadas provas que levantaram suspeitas sobre o envolvimento do príncipe herdeiro saudita Mohammed ben Salman no homicídio.

Na semana passada, o procurador responsável pelo caso recomendou que o caso fosse transferido para a Arábia Saudita, argumentando que um julgamento na Turquia iria ser inconclusivo. Recomendação que foi apoiada pelo ministro da Justiça turco, que acrescentou que o tribunal turco retomará o julgamento se não ficar satisfeito com o resultado do julgamento na Arábia Saudita.

A suspensão acontece numa altura em que a Turquia tenta recuperar relações com a Arábia Saudita e outros países da região, havendo meios internacionais que avançam que uma das condições para melhorar as relações era que a Turquia deixasse cair o caso contra os sauditas.

Jamal Khashoggi, um dos maiores críticos do regime saudita - e em particular do príncipe Mohammed bin Salman -, foi morto a 2 de outubro de 2018 no consulado da Arábia Saudita em Istambul. A versão oficial das autoridades turcas afirma que o jornalista radicado nos Estados Unidos foi assassinado e o seu corpo desmembrado e destruído por uma equipa de cerca de 15 agentes sauditas.

Nas semanas que se seguiram ao incidente, a Arábia Saudita negou oficialmente qualquer envolvimento no sucedido. Entretanto, concedeu que a operação foi levada a cabo por agentes, mas “sem qualquer ordem superior” e que apenas queriam "persuadir" Khashoggi a voltar para o país.

Em dezembro de 2019, o Tribunal Criminal de Riade chegou mesmo a condenar à morte cinco elementos alegadamente responsáveis pelo homicídio, sentença posteriormente reduzida para 20 anos para cada um.

Contudo, as autoridades turcas acreditavam que os agentes atuaram sob ordens diretas de altos funcionários do governo saudita, nomeadamente de Mohammed bin Salman. Na sua investigação ao caso, as Nações Unidas consideraram que havia “provas credíveis” para investigar o príncipe herdeiro.

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