Primo de Luis Díaz relata os dias de angústia por causa do rapto do tio

16 nov 2023, 14:25
O emocionante reencontro de Luis Díaz com o pai

Luis Manuel Díaz foi raptado a 29 de outubro e libertado 9 de novembro

Era domingo, 29 de outubro, e Josher Jesus Brito Díaz estava concentrado na eleição para um cargo municipal de Barrancas, quando o seu telefone começou a tocar insistentemente.

Inicialmente não ligo, mas as chamadas continuavam e passado meia-hora decidiu atender: «Foi quando me disserem: ‘O seu tio Luis foi sequestrado’.»

O seu tio Luis é Luis Manuel Díaz, pai de Luis Díaz, jogador do Liverpool que passou pelo FC Porto.

Luis Díaz, o pai, já foi libertado – no dia 9 de novembro –, e agora Josher, o sobrinho (e primo do futebolista), que preside à fundação de solidariedade social que traz o nome de Luis Díaz, contou ao The Athletic a história dos dias de angústia que a família passou. 

«Fui de carro até ao local onde aconteceu [o rapto de Luis e da esposa, Cilenis, que foi libertada logo horas depois]. A filha do meu tio estava lá, ela explicou-me o que aconteceu e começámos logo à procura deles. Uns foram para um lado, outros para outro», contou.

«Fomos à procura, a polícia também já estava em contacto connosco, mas liguei para alguns conhecidos e amigos, que contactaram o capitão em Barranquilla e que depois chamou a Guajira Seccional (unidade armada). Eles começaram logo a perseguir os raptores», continuou.

Segundo revelou Josher, o grupo que inicialmente raptou os pais de Luis Díaz não era o Exército de Libertação Nacional (ELN), mas sim criminosos comuns.

«A minha tia [Cilenis] disse que os sequestradores não eram colombianos, mas sim estrangeiros, venezuelanos. Até falavam entre eles numa dialeto da Venezuela. Eles ameaçaram-nos e disseram-lhes para manterem a cabeça para baixa no carro, para que não vissem para onde estavam a ir.»

O pai de Luis Díaz foi levado para as montanhas e aí a família deixou de poder ajudar, pois só os militares podiam continuar as buscas: «Começaram os dias de espera, de ansiedade, de angústia. Os dois primeiros dias foram horríveis, porque não sabíamos de nada. Nem quem, nem para onde o levavam.»

Luis Díaz foi aconselhado a não ir para a Colômbia, mas ainda assim ajudou no que foi possível: «Por estar longe, ele não conseguiu fazer muito, mas ajudou na comunicação com os altos funcionários do governo para que ativassem um plano forte para poderem recuperar o seu pai.»

«O Luis teve toda a ajuda que precisava. Os adeptos [do Liverpool] também o apoiaram muito, que era o que ele naquele momento necessitava. Percebeu que nunca esteve sozinho», prosseguiu.

Depois de três dias de sequestro, o Exército de Libertação Nacional intercetou o grupo de criminosos comuns, que tinha no meio deles a vítima, e acabou por levar Luis Manuel Díaz com ele: ou seja, o pai do jogador continuous sequestrado, mas os sequestradores mudaram.

Nesse momento a situação melhorou: «Eles trataram-no melhor. Ele nunca se sentiu maltratado pelo ELN.»

O Exército de Libertação Nacional percebeu que tinha sido um erro sequestrar o pai do extremo do Liverpool e queriam iniciar o processo de libertação, embora soubessem que demoraria.

«Os raptores originais queriam pedir dinheiro por ele, aproveitando as eleições, mas depois que o ELN ficou com ele, graças a Deus que não foi preciso dar dinheiro. (…) Quando saiu a comunicação a anunciar que o queriam libertar, tivemos mais paciência. Claro que ainda estávamos ansiosos porque não o tínhamos, mas tivemos mais paciência.»

«Foram vários dias de caminhada para chegar ao local onde o helicóptero o resgatou. Quando ele foi libertado, estávamos no escritório das Nações Unidas em Valledupar e estávamos em videoconferência para que, quando chegassem ao local, pudéssemos ver o Luis imediatamente. O momento foi de felicidade e alegria, com palavras curtas como ‘amo-te’ e ‘obrigado’», atirou.

Após a paragem para as seleções, finalizou Josher, o pai e a mãe de Luis Díaz devem viajar para Inglaterra, para estar algum tempo com o filho.

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