Real Madrid perde em Vigo (0-3)

5 mai 2001, 21:30

Estádio dos Balaídos continua a ser maldito Juanfran marcou o primeiro golo do jogo logo aos 8m e aos 24m a equipa já estava a vencer por 2-0, com Gustavo Lopez a marcar o segundo de livre (Roberto Carlos tinha sido expulso entretanto). Figo teve uma exibição muito apagado e limitou-se a assistir ao espectáculo proporcionado pela equipa de Vigo, com Mostovoi a fixar o resultado em 3-0, no último minuto.

Balaídos, o Estádio do Celta de Vigo, é uma «casa-maldita» para o Real de Madrid, pois nas ultimas cinco épocas os merengues não conseguiram alcançar um único ponto neste reduto, o que constitui facto inédito em Espanha. Aliás, na temporada passada, a equipa da capital conseguiu pontuar em todos os terrenos, menos em Vigo. 

Esta noite escreveu-se mais uma página de glória para o Celta, que venceu com extrema facilidade, por 3-0, um Real Madrid reconfortado na liderança e a pensar na segunda mão da meia-final da Liga dos Campeões, com o Bayern Munique (quarta-feira). No entanto, com esta derrota dos madrilenos, abre-se a possibilidade do Desportivo da Corunha reduzir a desvantagem em relação ao primeiro lugar para seis pontos e relançar a luta pelo título. O Celta, por seu lado, consegue manter-se num lugar que lhe dá acesso à Taça UEFA no próximo ano (6º classificado), ficando a apenas um ponto do Barcelona. 

Os dias felizes de Balaídos têm levado os vigueses ao delírio desde 96/97, quando viram a sua equipa golear o Real por 4-1, com três golos do carismático Gudelj. Os foros de goleada voltaram a repetir-se dois anos depois, com uma soberba exibição do avançado Penev, que apontou três golos num 5-1 memorável, que à passagem dos 20 minutos iniciais já registava uma vantagem de 4-0 para o Celta. As vitórias pela margem mínima surgiram em 97/98 (dois golos de Mostovoi e o tento dos madridistas a ser apontado na sequência de um penalty provocado por Cadete) e no ano passado, por 1-0, com um golo solitário de Celades, que agora joga pelo rival. 

Real Madrid desfalcado e «sem» Figo 

Sabia-se, desde logo, que o técnico Vicente Del Bosque ia poupar alguns jogadores frente ao Celta, tendo em vista o jogo com o Bayern. Por isso, ficaram de fora do «onze», Hierro, McManaman, Guti, Karanka e Makelele para defrontar um adversário que está a fazer um segunda volta espectacular. A equipa de Vigo ainda só perdeu por uma vez na segunda metade do campeonato e está lançada para cumprir uma das sua melhores épocas de sempre. 

Mas, todos estes argumentos acabam por ser frágeis, pois os madrilenos têm um plantel de fazer inveja a quase todos os clubes do mundo. Senão, veja-se o «onze» titular: Casillas; Michel Salgado, Ivan Campo, Helguera e Roberto Carlos; Celades e Flávio Conceição; Figo, Sávio e Solari; Raul. Mesmo com todas estas «estrelas», o Celta chegou à vantagem logo aos 8m, com um golo do lateral-esquerdo Juanfran, a aproveitar uma falha do temeroso Ivan Campo. 

O jogo avassalador da equipa orientada por Victor Fernandez não dava qualquer hipótese ao adversário, que remetia-se à defesa. Aos 21m, Roberto Carlos vê o segundo amarelo e reduz, ainda mais, as esperanças do Real. Ainda para mais, na marcação do livre à entrada da área, Gustavo Lopez envia uma bomba, que coloca o Celta a vencer por 2-0. 

Figo abria os braços, incrédulo. Normalmente, o português sente-se infeliz porque os seus colegas não lhe põem a bola nos pés, mas hoje era ele que não estava bem. Figo jogou mal, perdeu muitas bolas e deu ares evidentes de cansaço. Sem soluções e fintas estonteantes, o extremo-direito nunca conseguiu apresentar argumentos para a falta de objectividade da equipa. Os adeptos do Celta assobiaram-no de princípio a fim, mas talvez não soubessem que o português, só este ano, já cumpriu 99093 km em deslocações, o que se traduz em mais de duas voltas ao mundo (?!). 

Isso não interessa nada para quem só quer pensar em festa quando se senta nas bancadas de Balaídos. Em Vigo (ou, mesmo, em toda a Espanha), o futebol vive-se com paixão e emoção, a gritar e a cantar. Hoje festejaram-se, apenas, dois golos, mas a supremacia do Celta sobre o Real foi mais do que evidente e até fez com que os adeptos aplaudissem em pé o avançado Catanha, que voltou a não conseguir marcar à equipa de Madrid, uma das três a quem nunca fez golos (como acontece com o Villareal e o Las Palmas). O máximo que o brasileiro conseguiu foi levar Ivan Campo ao desespero e Casillas ao susto, pois ainda teve tempo para cabecear ao poste.  

No último minuto, Mostovoi levantou o Estádio mais uma vez, aproveitando o contra-ataque e a desatenção da defesa madrilena, para aproxima o resultado da goleada, com um elucidativo 3-0.

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