Incidentes no Nápoles-Bolonha

22 out 2000, 21:16

Violência e racismo no futebol italiano

Confrontos entre a polícia e adeptos provocaram cerca de três dezenas de feridos durante o encontro deste domingo, entre o Nápoles e o Bolonha (1-5), referente à Série A do campeonato italiano. 

Os incidentes começaram logo após o terceiro golo do Bolonha, aos 52 minutos, com protestos dos adeptos napolitanos contra Corrado Ferlaino, proprietário do clube, e contra o guarda-redes Ferdinando Coppola. 

Perto do final do jogo a confusão agravou-se. Os adeptos que estavam a abandonar o estádio de San Paolo lançaram pedras e garrafas contra a polícia, que se viu obrigada a usar gás lacrimogéneo. Durante alguns minutos a partida esteve suspensa, uma vez que o guarda-redes do Bolonha, o internacional Gianluca Pagluica, se queixou de problemas de visão. 

Entre os feridos, registaram-se também alguns elementos da polícia, entre os quais Maria Papa, chefe do gabinete policial, e Luigi La Gala, adjunto da esquadra, que foram atingidos com uma barra de cimento. 

Racismo na ordem do dia  

Entretanto, para além dos incidentes nas bancadas, o racismo continua a ser outro aspecto extra-desportivo a preocupar os resonsáveis pelo futebol italiano.  

Mihajlovic, jogador da Lázio, foi vítima dos adeptos do Verona, equipa com que o conjunto romano jogou hoje (domingo). O sérvio era assobiado e vaiado sempre que tocava na bola, mas os insultos atingiram o seu ponto máximo quando foi chamado a converter uma grande-penalidade que acabou por falhar, já em período de descontos. 

O futebolista parece estar a pagar pelos incidentes ocorridos esta terça-feira com o médio do Arsenal Patrick Vieira. Durante o Lazio-Arsenal, a contar para a Liga dos Campeões, Mihajlovic agrediu verbalmente o francês com insultos racistas. Aparentemente, os adeptos do Verona aproveitaram o jogo deste domingo para recordar a Mihajlovic as suas origens ciganas. 

Ainda sobre este tema, realce para as declarações do ex-sportinguista Marco Aurélio. O defesa do Vicenza, que esta tarde saiu derrotado (1-3) do estádio Olímpico de Roma, manifestou no final do encontro que, apesar de tudo, estava «contente por não ter sentido racismo no Olímpico de Roma. Assim é mais justo, somos todos iguais», acrescentou o brasileiro, em referência aos habituais cânticos racistas escutados no estádio romano, especialmente nos jogos da Lazio.

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