No Havai tentaram fugir do fogo atirando-se ao mar, mas saltar para a água deve ser o último recurso - o aviso dos especialistas

CNN Portugal , DCT (notícia atualizada)
11 ago 2023, 10:40

Guarda Costeira dos Estados Unidos resgatou 14 pessoas que saltaram para o mar durante os incêndios no Havai, mas especialistas dizem que nem sempre é a melhor forma de proteção

Perante um cenário catastrófico de incêndio, a presença de água, seja do mar ou numa piscina, pode parecer uma escapatória rápida e eficaz às chamas. Mas não é bem assim. Segundo o The Washington Post, que falou com alguns especialistas a propósito dos incêndios no Havai - que já vitimaram mais de 50 pessoas - saltar para a água deve mesmo ser o último recurso de todos.

“A melhor opção é retirar-se cedo [do local]”, disse Jack Minassian, professor associado de ciência do fogo na Universidade do Havai. E antes de saltar para a água, aconselha, o ideal é criar um plano de evacuação com várias rotas de escape.

A Guarda Costeira dos EUA resgatou 14 pessoas do mar depois de terem saltado para a água para fugir dos fogos, mas a verdade é que nem o mar nem a piscina ou lago protege do calor ou do fumo, diz a publicação. E o fumo acaba mesmo por ser o fator mais perigoso: um corpo dentro de água, sobretudo quando não há pé, está em esforço e o fumo pode comprometer a respiração, aumentando ainda mais tal esforço e, por consequência, o cansaço.

“[Dentro de água] provavelmente não vai se queimar, mas não é isso que o vai matar”, alerta Carl Otsuka, do Corpo de Bombeiros de Honolulu. “É o fumo que mata.”

Além disso, acrescenta Crystal Kolden, professor de Ciência do Fogo na Universidade da Califórnia em Merced, há sempre o risco de quem mergulha ficar horas dentro de água até que o incêndio à volta seja controlado, o que, por si só, também traz riscos.

“As pessoas não sabem quanto tempo vão ficar na água”, lamenta Kolden. “Hipotermia e risco de afogamento por não conseguir nadar ou ficar na água por tanto tempo são possibilidades muito reais” nestes casos, adverte o especialista, que também defende que o fumo pode ser um grande inimigo nestes casos: “A pessoa [dentro de água] literalmente não consegue ver nada, então não sabe se é seguro sair ainda.”

Além da rota de fuga previamente planeada - o que, nestes casos de emergência, nem sempre é possível fazer - Kolden deixa outra dica: campos de futebol ou râguebi podem ser boas alternativas de fufa. “Aqueles belos relvados verdes irrigados não queimam”, defende, dizendo que lá “o ar é mais fresco e limpo” e, assim, a pessoa “terá uma probabilidade muito maior de sobreviver”.

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