Portugueses compraram menos casas em 2023 mas os preços não vão baixar por isso

ECO - Parceiro CNN Portugal , Ana Petronilho
21 dez 2023, 16:50
Habitação (Manuel de Almeida/Lusa)

Preços e taxas de juro somadas à "incerteza gerada" pelo programa Mais Habitação e à "instabilidade política causada pelo anúncio da demissão do Governo" ditam queda da venda de casas, prevê a JLL

O aumento dos preços das casas, somado à subida das taxas de juro, está ter um forte impacto na venda de casas. Em 2023, o mercado residencial vai cair em 16%, com um volume de vendas de 27 mil milhões de euros, prevê a consultora JLL.

De acordo com a consultora, este cenário resulta, sobretudo, das duas guerras em curso e dos respetivos “riscos de recessão económica e acentuada instabilidade política” a que se juntam os desafios a nível macroeconómico, “em reflexo da pressão inflacionista e da subida das taxas de juro”. E a este quadro internacional soma-se ainda “a incerteza gerada pelo lançamento do programa Mais Habitação e, na reta final do ano, a instabilidade política causada pelo anúncio da demissão do Governo”.

Mas, a queda do número de casas vendidas não se vai refletir numa queda dos preços em 2024, aponta a JLL, que frisa que “continua a persistir um desequilíbrio entre uma procura forte e a falta de oferta”. O mesmo deverá acontecer com as rendas, com a JLL a afastar um cenário de queda dos valores das rendas em 2024.

Nos últimos dez anos são construídos, por ano, uma média de 13.500 fogos e são vendidas, em média, por ano, 104.500 casas. “O que significa que são vendidas oito casas enquanto apenas uma é produzida”, sublinha a JLL.

Em termos de vendas de casas, no próximo ano, as transações “deverão continuar pressionadas pelos custos mais elevados de financiamento devido aos níveis das taxas de juro”, mas a procura, sobretudo de estrangeiros, deverá manter-se “ativa”.

No que toca ao imobiliário comercial – logística, retalho, hotelaria ou escritórios –, a JLL prevê que o ano feche com um investimento fixado entre 1.800 mil milhões de euros e dois mil milhões e cerca de 100 mil metros quadrados de área de escritórios ocupada em Lisboa, traduzindo-se em quebras anuais de 45% e 63%, respetivamente. Previsões em linha com os dados já avançados pelo ECO.

“A conjuntura internacional teve um forte impacto no mercado de investimento global e Portugal seguiu a mesma tendência. O volume de investimento em ativos comerciais caiu para quase metade, reflexo da pouca atividade de operações grande dimensão“, diz Gonçalo Santos, head of capital markets da JLL.

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