Zelensky exige à Rússia "restauração da integridade territorial" da Ucrânia

17 mar 2022, 04:00
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em declaração ao país (AP Photo)

Depois de um dia de conversações intensas entre as delegações da Ucrânia e da Rússia, e em que o Financial Times deu conta de uma lista de 15 exigências da Rússia para o restabelecimento da paz, Volodymyr Zelensky diz que as prioridades da Ucrânia "são absolutamente claras"

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, reiterou que o país vai continuar a exigir a "restauração da integridade territorial" nas negociações "em curso" com a Rússia.

"As minhas prioridades nas negociações são absolutamente claras: fim da guerra, garantias de segurança, soberania, restauração da integridade territorial, garantias reais para o nosso país, proteção real para o nosso país”, disse Zelensky, num comunicado publicado na página oficial da presidência ucraniana, na quarta-feira à noite.

Horas mais tarde, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, afirmou que o que o país precisa do Ocidente é de "armas e sanções, e o resto será feito pela Ucrânia". Em entrevista a Anderson Cooper, jornalista da CNN, Kuleba disse que "há uma série de fatores que fazem a diferença na posição russa nas negociações, o primeiro é a resistência feroz do exército ucraniano e do povo ucraniano no terreno; a segunda são as sanções impostas à Rússia, sanções que fazem a economia russa cair e sofrer".

"A resistência contínua e as sanções forçaram a Rússia a mudar ligeiramente a sua posição", acrescentou Kuleba: "A posição da Rússia torna-se diferente, mas não posso chamar isso de mudança dramática ou uma mudança séria na posição. Mas, dadas as circunstâncias, toda mudança na posição russa é construtiva. Porque eles começam com ultimatos unilaterais que, quando colocados juntos, constituem uma rendição unilateral da Ucrânia e isso não é aceitável".

Questionado sobre o homólogo russo, Sergei Lavrov, que insiste na retórica sobre a “desnazificação” da Ucrânia, Kuleba disse: "A Rússia nunca, nunca admitirá que fez uma cedência ou que percebeu que as metas que estabeleceram para si não eram alcançáveis. Eles vão sempre dizer publicamente que está tudo bem, tudo está acontecer conforme o planeado e é exatamente o que queríamos".

"O que quer que o ministro Lavrov tenha dito na conferência de imprensa, eu sei de duas coisas: se a Ucrânia conseguir uma quantidade suficiente de armas para se defender e se a pressão das sanções continuar, então a Rússia fará sérias cedências", concluiu.

As delegações ucranianas e russas voltaram a conversar, por videoconferência, na quarta-feira. Mikhailo Podolyak, assessor de Zelensky, disse que a Ucrânia exigiu um cessar-fogo, a retirada das tropas russas e garantias legais de segurança para a Ucrânia de vários países.

“Isso só é possível através do diálogo direto” entre Zelensky e o Presidente russo, Vladimir Putin, disse Podolyak na rede social Twitter.

Um funcionário do gabinete de Zelensky disse à agência de notícias Associated Press que o principal assunto em discussão era se as tropas russas iam permanecer em regiões separatistas no leste da Ucrânia, depois do fim da guerra, e onde seriam as fronteiras. 

Antes da invasão, Putin reconheceu a independência de duas regiões controladas por separatistas, apoiados pelo Kremlin desde 2014. A Rússia defendeu ainda que as duas repúblicas incluem áreas que a Ucrânia continua a controlar, incluindo Mariupol, uma cidade portuária agora sitiada por tropas russas.

O funcionário, que pediu o anonimato, disse que Kiev insistiu na inclusão de uma ou mais potências nucleares ocidentais nas negociações e na assinatura de um documento juridicamente vinculativo com garantias de segurança para a Ucrânia. Em troca, disse o funcionário, a Ucrânia está pronta para discutir um estatuto neutro, renunciando assim a uma adesão à NATO.

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