Como Elon Musk impediu um ataque ucraniano para "afundar a maior parte da frota russa" no Mar Negro

8 set 2023, 14:33
Elon Musk

Elon Musk ordenou que se desligassem os terminais da Starlink para impedir ataque ucraniano a navios de guerra russos. Esta decisão, revelada pela próxima biografia do empresário da tecnologia, levou a Ucrânia a acusar Musk de cumplicidade no seu sofrimento.

O empresário Elon Musk ordenou que se desligassem os terminais da Starlink para impedir ataque ucraniano a navios de guerra russos, que o próprio dono da Tesla descreveu como "um mini Pearl Harbour", uma referência ao ataque surpresa da marinha japonesa às forças americanas durante a Segunda Guerra Mundial. A decisão foi tornada pública numa reportagem exclusiva da CNN, onde foram revelados pormenores da próxima biografia de Elon Musk, que será publicada a 12 de setembro, também com edição em Portugal.

A biografia, escrita por Walter Isaacson, mostra o envolvimento de Musk no conflito na Ucrânia. De acordo com um excerto do livro, o empresário deu instruções aos seus engenheiros para desligarem as comunicações por satélite do sistema Starlink para impedir um ataque surpresa ucraniano à frota naval russa ao largo da costa da Crimeia.

Os ucranianos terão mesmo chegado a lançar o ataque, mas quando os drones submarinos ucranianos, carregados de explosivos, se aproximaram das embarcações russas, "perderam a conexão e chegaram à costa inofensivamente", segundo a descrição de Isaacson, citada pela CNN.

A decisão, de acordo com o autor da biografia, foi motivada pelo receio de Musk de que a Rússia pudesse responder ao ataque ucraniano com armas nucleares, uma preocupação que não escondeu após discussões com altos funcionários russos. 

Recorde-se que, quando a Rússia paralisou os sistemas de comunicação ucranianos pouco antes de invadir Kiev em fevereiro de 2022, Musk decidiu fornecer à Ucrânia dezenas de terminais de satélite Starlink, que mais tarde se revelaram cruciais para as operações de guerra de Kiev. À medida que Starlink se tornou um ponto de apoio para as forças em combate, Musk começou a questionar a sua escolha de ajudar a Ucrânia, acreditando que isso poderá levar a Rússia a utilizar armas nucleares estratégicas.

Elon Musk chegou a conversar com o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, com o general Mark Milley, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA e com o embaixador russo nos Estados Unidos, numa tentativa de apaziguar a sua ansiedade por ver a Starlink envolvida na guerra desta forma.

A notícia de que Elon Musk impediu um ataque ucraniano à frota naval russa desencadeou várias reações. Destacando-se a crítica do conselheiro sénior de Zelensky, que culpou Musk pela morte de crianças. "Por vezes, um erro é muito mais do que um simples erro", escreveu Mykhailo Podolyak no Twitter.

"Ao não permitir que os drones ucranianos destruíssem parte da frota militar russa, Musk permitiu que esta frota lançasse mísseis Kalibr contra cidades ucranianas. Como resultado, civis e crianças estão a ser mortos. Este é o preço de um cocktail de ignorância e de um grande ego”, disse o político.

Tal como foi referido por alguns comentadores, isto representa um grande afastamento da anterior abordagem de Kiev a Musk, que parecia ter cuidado para não o afastar. Também tem havido numerosos relatos de que Musk manteve múltiplas conversas com Vladimir Putin desde a invasão da Ucrânia - alegações que o proprietário da SpaceX negou.

Em resposta a uma publicação no Twitter que resumia a história intitulada "Elon evita guerra nuclear? Musk disse: "As regiões Starlink em questão não foram ativadas. A SpaceX não desativou nada".

No entanto, afirmou que, embora não tenha ordenado aos engenheiros que desligassem o sistema de satélites, recusou os apelos ucranianos para que o ativassem. "Houve um pedido de emergência das autoridades governamentais para ativar o Starlink para Sebastopol", disse. "A intenção óbvia é afundar a maior parte da frota russa ancorada. Se eu tivesse concordado com o pedido deles, a SpaceX teria sido explicitamente cúmplice de um grande ato de guerra e de uma escalada do conflito."

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