Tropas russas a 25 quilómetros do centro de Kiev. Caças de Zelensky desafiam forças de Putin nos céus ucranianos

12 mar 2022, 07:17
Soldados ucranianos ajudam a retirar uma senhora da cidade de Irpin, na Ucrânia. Foto: Andriy Dubchack

17.º dia de guerra na Europa. Durante a madrugada, foram ouvidas explosões em Dnipro e em Kiev, onde as tropas russas estão agora posicionadas a cerca de 25 quilómetros. Em Lviv, perto da fronteira com a Polónia, voltaram a soar as sirenes, num momento em que Kharkiv, Sumy e Mariupol continuam cercadas pelos militares de Putin. Nos céus ucranianos, a Força Aérea de Kiev travou dez batalhas contra os caças enviados pelo Kremlin e destruiu vários alvos militares. Durante a noite, a NATO anunciou que vai enviar 30 mil soldados para a Noruega. Vão desenvolver habilidades de combate no frio

Os céus ucranianos foram palco de intensos combates nas últimas horas, segundo a Força Aérea do país que, em comunicado, acrescenta que os caças de Kiev, Su-27 e MiG-29, desafiaram as aeronaves de Putin em cerca de dez confrontos ao longo do território. “Pelo menos nove mísseis de médio e curto alcance foram disparados contra aeronaves russas”, acrescenta o comunicado da autoridade militar.

De acordo com dados preliminares, da Força Aérea, cinco alvos foram destruídos, "incluindo um veículo aéreo não tripulado e quatro helicópteros". O Comando Operacional Norte Ucraniano relatou ainda a destruição de um caça russo Su-34 na região de Chernihiv.

Para além do combate aéreo, os caças ucranianos, nomeadamente um grupo táctico de aviões Su24m e Su-25 utilizaram mísseis e bombas contra colunas militares russas, atacando equipamentos blindados e soldados.

No terreno, durante a madrugada, foram sentidas explosões em Kiev e Dnipro que, na sexta-feira, foi alvo de três ataques aéreos que fizeram pelo menos um morto e atingiram prédios residenciais e uma escola primária. De resto, o cerco à capital parece estar a apertar e imagens de satélite mostram precisamente isso. Segundo a empresa norte-americana Maxar, as forças do exército russo continuam a posicionar-se cada vez mais perto de Kiev e a dispararem artilharia em direção a zonas residenciais.

Nos subúrbios de Kiev, os serviços de emergência ucranianos anunciaram nas primeiras horas de sábado que um armazém de produtos congelados, na cidade de Brovary, foi bombardeado intensamente. As autoridades partilharam imagens dos destroços na sua conta oficial de Telegram mas, de acordo com um comunicado dos serviços de emergência, não foram registadas vítimas até ao momento.

De acordo com um relatório de inteligência do Ministério de Defesa britânico, as batalhas na região noroeste de Kiev continuam durante a manhã deste sábado, num momento em que uma grande parte das forças terrestres russas estão a 25 quilómetros do centro da cidade.

 

 

Para além da capital ucraniana, Kiev, onde também foram ouvidas várias explosões, sirenes voltaram a soar em Lviv, perto da fronteira com a Polónia, mas também em Kharkiv e Sumy, palco de violentos confrontos na última semana e onde este sábado vão abrir seis corredores humanitários.

Na mira do exército russo está também a cidade de Mykolaiv, no sul da Ucrânia. As tropas de Moscovo invadiram a vizinha península da Crimeia e tiveram mais sucesso em conquistar territórios nesta região do que as forças russas em todas as outras partes da Ucrânia. Relatórios das autoridades indicam mesmo que as “forças russas começaram a bombardear a cidade novamente”.

Durante a noite, militares russos dispararam mesmo contra um hospital oncológico na cidade, que fica a cerca de 70 quilómetros de Kherson - ocupada pelas forças de Moscovo "Estes desumanos acabaram de disparar contra o hospital oncológico. O hospital que presta ajuda a pacientes com cancro de toda a região de Mykolayiv", publicou no Facebook o chefe do Departamento de Saúde da Administração Regional de Mykolayiv, Maksym Beznosenko.

 

Segundo Beznosenko, o hospital “não sofreu danos severos”. No vídeo, partilhado por Beznosenko, é possível ver a fachada do hospital com marcas de balas e com janelas partidas.

NATO vai enviar 30 mil soldados para a Noruega na próxima semana

Ao mesmo tempo em que a Ucrânia enfrenta o 17.º dia de invasão russa, a NATO anunciou que vai enviar tropas para a Noruega na segunda-feira, dia 14 de março, naquele que será o maior exercício militar da organização este ano.

Jens Stoltenberg deu a indicação para que cerca de 30.000 soldados, 200 aeronaves e 50 embarcações de 27 nações participem no exercício Cold Response 2022. Segundo a NATO, as manobras vão permitir que as nações ocidentais desenvolvam as suas habilidades de combate no clima frio da Noruega, inclusive no Ártico, em terra, no mar e nos céus.

O exercício será realizado a algumas centenas de quilómetros da fronteira russa e, ainda que estivesse previsto acontecer antes da invasão da Ucrânia por Moscovo, o exercício ganha hoje um novo significado. "Este exercício é extremamente importante para a segurança da Noruega e dos seus aliados”, disse o ministro da Defesa da Noruega, Odd Roger Enoksen.

 

 

Aperta o cerco a oligarcas russos

Também durante a madrugada, autoridades italianas apreenderam o megaiate do oligarca russo Andrey Melnichenko, de acordo com um comunicado da polícia financeira da Itália. O comunicado avança que o navio - chamado "SY A" - vale cerca de 530 milhões de euros e estava atracado no porto de Trieste, no nordeste do país. O "SY A" é um dos maiores superiates do mundo, de acordo a empresa que o fabricou, a Nobiskrug.

A apreensão ocorreu após Melnichenko ter sido sancionado pela União Europeia no dia 9 de março como parte das medidas punitivas contra oligarcas russos. O oligarca é dono do principal produtor de fertilizantes EuroChem Group e da empresa de carvão SUEK. A decisão do conselho da UE, que autorizou sanções contra Melnichenko, foi tomada perante o facto de ele e 36 outros líderes empresariais se terem reunido com o presidente russo, Vladimir Putin, após a invasão da Ucrânia para discutir o potencial impacto económico das sanções da UE e dos EUA.

A notícia surge num momento em que se torna cada vez mais evidente o cerco feito pelo ocidente aos oligarcas próximos do presidente russo. A última movimentação feita nesse sentido veio do Secretário de Estados dos EUA, Antony Blinken, que anunciou sanções a quatro membros do banco Novikombank, especializado no financiamento de empresas das indústrias de máquinas pesadas, automotiva, alta tecnologia, petróleo e gás e a quatro membros da consultora ABR Management, incluindo o vice governador de São Petersburgo, Vladimir Nikolaevich.

Para além de Nikolaevich, também Dmitri Alekseevich Lebedev, diretor do Banco Rossiya foi sancionado.

No Twitter, Antony Blinken referiu que os Estados Unidos estão a "sancionar oligarcas que apoiam a guerra injustificada de Putin contra a Ucrânia e visando bens e bens de luxo enviados para a Federação Russa, garantindo que aqueles que propagam esta guerra não possam desfrutar facilmente da opulência enquanto os ucranianos sofrem".

Na mesma linha, a reunião extraordinária dos países do G7 convocada pela Alemanha para esta sexta-feira acabou com mais sanções à Rússia. UE, EUA, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Japão e Canadá "vão, coletivamente, aumentar a pressão contra [Vladimir] Putin", de acordo com um comunicado da Casa Branca. 

As sanções incluem a suspensão das preferências comerciais da Rússia na Organização Mundial do Comércio. Os países do G7 concordaram também em bloquear o financiamento russo de organizações financeiras internacionais, como o FMI e o Banco Mundial.

Europa

Mais Europa

Patrocinados