"Uma pequena amostra do inferno" ameaça levar os EUA para a guerra (e há quem peça a Biden ataques contra o Irão)

28 jan, 21:48
Base norte-americana de Torre 22, na Jordânia (AP)

Drone que matou três soldados norte-americanos na fronteira entre Jordânia e Síria pressiona o presidente dos Estados Unidos a apresentar uma resposta

"Uma pequena amostra do inferno". É assim que o grupo al-Nujaba, um dos muitos da Resistência Islâmica, da qual o Hamas também faz parte, descreve o ataque conduzido com drones contra uma base aérea norte-americana na fronteira entre Jordânia e Síria, que provocou a morte a três soldados e deixou dezenas de outros feridos, alguns deles com danos cerebrais.

Os Estados Unidos apressaram-se a dizer que o ataque tinha sido realizado por um grupo apoiado pelo Irão e, ao que parece, esta milícia veio confirmar isto mesmo, uma vez que se trata de um dos muitos grupos radicais islâmicos apoiados por Teerão.

"Esta operação é uma pequena amostra do inferno das operações da Resistência Islâmica no Iraque”, adiantou fonte do grupo, que provocou as primeiras mortes de militares norte-americanos na região desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, num ato que ameaça fazer aumentar a escalada de tensão na zona, já depois de os rebeldes Houthis também terem entrado em disparos contra navios do Ocidente no Mar Vermelho.

Com efeito, e pouco depois de o presidente dos Estados Unidos ter confirmado a morte dos três soldados, vários senadores republicanos vieram pedir um "ataque em força" contra o Irão.

Base norte-americana Torre 22, na Jordânia (AP)

E Lindsey Graham e John Cornyn não defenderam o ataque como sendo contra o regime, mas sim contra a cidade de Teerão, capital iraniana, naquilo que seria um claro agudizar das tensões e um passo demasiado grave que poderia significar mais do que a atual regionalização do conflito.

John Cornyn, membro do Comité de Informações do Senado, apelou a um ataque à capital iraniana, numa breve mensagem publicada na sua conta na rede social X em resposta ao incidente.

Por seu turno, o senador Lindsey Graham, um dos congressistas do Partido Republicano mais ativos na política externa, também apelou a "atacar o Irão agora, com força".

O responsável criticou a política externa do presidente, o democrata Joe Biden, afirmando: "Quando a administração Biden diz 'não faça...', os iranianos fazem-no”.

“A retórica da administração Biden sobre o Irão entra por um ouvido e sai pelo outro. A sua política de dissuasão contra o Irão falhou miseravelmente", indicou.

Pressionado, Biden promete resposta

O presidente dos Estados Unidos garantiu que o país vai responder ao ataque que matou três soldados na Jordânia. Pressionado politicamente, sobretudo pelos republicanos, Joe Biden disse que “vamos responder” ao ataque, depois de vários membros do Congresso já terem vindo pedir uma resposta firme.

“Hoje, o coração da América está pesado. Na última noite três soldados foram mortos – muitos feridos – durante um ataque de drone contra as nossas forças localizadas na Jordânia perto da fronteira com a Síria”, disse.

“Não tenham dúvidas: todos os responsáveis [pelo ataque] irão prestar contas, no momento e da forma que escolhermos”, acrescentou durante a tarde Joe Biden, através da rede social X.

Seguindo a lógica do presidente, o secretário da Defesa dos Estados Unidos também garantiu uma resposta. Lloyd Austin disse que "as milícias apoiadas pelo Irão são responsáveis por estes ataques contínuos às forças norte-americanas e nós responderemos no momento e no local que escolhermos".

É que, como escreve a CNN a administração Biden tem sido criticada, principalmente pelos republicanos, por não ter tomado medidas suficientemente fortes contra os grupos apoiados pelo Irão pelos seus ataques.

O senador Roger Wicker, o republicano mais graduado da Comissão de Serviços Armados do Senado, também apelou no domingo a uma resposta "diretamente contra alvos iranianos e a sua liderança". E o presidente do House Armed Services, Mike Rogers, disse que "já passou da hora de o presidente Biden finalmente responsabilizar o regime terrorista iraniano e seus representantes extremistas".

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