"Nunca mais vou ver a vida da mesma maneira". Em menos de 24 horas, carta de Bin Laden a justificar o 11 de Setembro ficou popular no TikTok

16 nov 2023, 18:35
Osama bin Laden (AP)

Na carta, Bin Laden menciona várias vezes a ocupação israelita da Palestina como um motivo para a luta contra os Estados Unidos. Jornal britânico The Guardian decidiu remover o texto do seu site

Mais de duas décadas após os atentados do 11 de Setembro e de 12 anos após a sua morte, a carta de Osama bin Laden a justificar o ataque terrorista contra o World Trade Center, em Nova Iorque, ficou viral nas redes sociais, em particular no TikTok.

Vários utilizadores da plataforma publicaram esta quarta-feira vídeos a incentivar outras pessoas a ler a “Carta ao Povo Americano”, garantindo que a leitura da mesma mudou a sua perspetiva geopolítica mundial.

“Acabei de ler a ‘Carta para a América’ e nunca mais vou ver a vida da mesma maneira, nunca mais vou ver este país [EUA] da mesma maneira. Leiam e depois digam-me se também estão a passar por uma crise existencial. Nos últimos 20 minutos, toda a minha visão da vida mudou”, diz uma utilizadora.

“Ao ler esta carta, torna-se aparente para mim que as ações do 11 de Setembro e os atos cometidos contra os EUA e a sua população foram só o acumular do falhanço do nosso governo perante as outras nações”, referiu outra, também pedindo a mais pessoas para lerem o texto.

Um dos tiktokers referiu que, ao ler a carta, “só se conseguia lembrar de um tweet em particular”, e que dizia: "No colonialismo, qualquer tipo de resistência é classificado como terrorista porque a única violência aceitável é a violência do ocupante", numa aparente alusão ao ataque do Hamas contra Israel no dia 7 de outubro.

Na carta, Bin Laden menciona várias vezes a ocupação israelita da Palestina como um motivo para a luta contra os Estados Unidos.

“Vocês atacaram-nos na Palestina, que está sob ocupação militar há mais de 80 anos”, escreveu o ex-líder da Al-Qaeda. “Os britânicos entregaram a Palestina, com a vossa ajuda, aos judeus, que a ocupam há mais de 50 anos; anos repletos de opressão, tirania, crimes, matança, expulsão, destruição e devastação”.

“A criação e continuidade de Israel é um dos maiores crimes, e vocês são os líderes dos seus criminosos. (…) Cada pessoa cujas mãos ficaram sujas com a contribuição para este crime têm de pagar o seu preço, e devem pagá-lo intensamente”, pode ler-se na carta.

Coincidentemente ao aumento da popularidade do texto, o jornal britânico The Guardian, que publicou a carta em novembro de 2002, decidiu retirá-la do seu site sem explicar os motivos.

“Esta página exibia anteriormente um documento que continha, em tradução, o texto integral da "Carta ao Povo Americano" de Osama bin Laden, conforme noticiado no Observer de domingo, 24 de novembro de 2002. O documento, que foi publicado aqui no mesmo dia, foi retirado em 15 de novembro de 2023”, lê-se agora no endereço.

A rede social TikTok também reagiu e, em nota publicada no X, declarou que a promoção deste texto “viola claramente as regras da plataforma sobre o apoio a qualquer forma de terrorismo”, mas desmente que se tenha tornado viral.

“Estamos a remover este conteúdo de forma proativa e agressiva e a investigar como foi parar à nossa plataforma. O número de vídeos no TikTok é reduzido e os relatos de que se trata de uma tendência na nossa plataforma são imprecisos. Esta situação não é exclusiva do TikTok e tem aparecido em várias plataformas e nos meios de comunicação social”, afirma a rede social.

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