Noa Sattath à CNN Portugal: “É preciso que as vozes da paz se façam ouvir por cima das vozes do extremismo”

17 nov 2023, 23:55

A Diretora Executiva da Associação para os Direitos Civis em Israel pede apoio à Comunidade Internacional para a proteção dos civis em Gaza, mas recorda que o combate ao Hamas é particularmente complicado. Noa Sattath diz que a ACRI condena de forma clara qualquer impedimento da parte do Governo israelita no sentido de impedir os palestinianos de regressarem a casa, assim como qualquer sabotagem à ajuda humanitária. A diretora da ACRI diz também que é importante saber como será o futuro da região depois da guerra.

Noa Sattath assumiu a direção executiva da Associação para os Direitos Civis em Israel em 2011, depois de mais de uma década de luta pela igualdade e pela inclusão e contra o racismo no Centro de Ação Religiosa de Israel (IRAC, na sigla em inglês). Tem formação certificada como rabina reformista e é Mestre em Estudos Judaicos. 

A Associação para os Direitos Civis em Israel foi fundada em 1972 e é a mais antiga das Organizações Não-Governamentais focada nos vários aspetos dos Direitos Humanos no Estado de Israel, mas também nos Territórios Palestinianos Ocupados da Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém-Leste. A ACRI luta pela igualdade de género, das minorias dentro do Estado de Israel, mas também pelos direitos da comunidade LGBTQIA+. Além disso, a organização tem tido um papel muito ativo contra os movimentos expansionistas dos colonatos israelitas na Cisjordânia, ilegais à luz do Direito Internacional. 

Agravamento da violência na Cisjordânia

Na entrevista à CNN Portugal Noa Sattath alertou justamente para o agravamento da violência cometida contra os palestinianos na Cisjordânia, especialmente nas comunidades rurais, por parte de movimentos de colonos israelitas.

“Enquanto a Comunidade Internacional se centra na guerra em Gaza, há um agravar da violência cometida na Cisjordânia. Desde dia sete de outubro, morreram sete palestinianos no território por causa da violência dos colonos.”

Mas a Diretora Executiva da ACRI não duvida em responsabilizar o Governo de Benjamin Netanyahu pelo atual caos humanitário vivido pelos palestinianos na Faixa de Gaza, um dos territórios mais densamente povoados do Planeta. E diz que o Estado hebreu é responsável pela assistência aos civis que se deslocam de norte para sul. 

“Israel é totalmente responsável pelo fornecimento constante de ajuda humanitária, incluindo combustível, para as necessidades humanitárias em Gaza,” diz Noa Sattath.

“E isso é algo que deve ser assegurado. O problema reside no facto de que o combustível é também usado para fins militares. E a questão é saber como nos asseguramos de que o combustível só é usado para fins humanitários.” 

Desde o início dos bombardeamentos do Exército de Israel sobre Gaza, depois dos massacres de sete de outubro levados a cabo pelas Brigadas de al-Qassam, o braço armado dos islamistas do Hamas, Israel tem-se recusado a deixar entrar combustível para o funcionamento de hospitais e mesmo de ambulâncias. Telavive refere que é a única forma de impedir que o Hamas tenha capacidade de resposta às operações militares que leva a cabo na Faixa de Gaza.

“Israel é responsável no quadro do Direito Humanitário Internacional”

Ainda assim, Noa Sattath diz à CNN Portugal que Israel tem outras responsabilidades dentro do Direito Humanitário, como, de resto, tem sido repetido pelos responsáveis de diversas organizações das Nações Unidas:

“A garantia de que existem rotas para o trabalho humanitário é crucial. Há uma necessidade de ajuda humanitária, especialmente se tivermos em conta o que se passa no sul (de Gaza). O inverno está a chegar e vai ser necessária muita ajuda para as pessoas que fugiram da zona de guerra,” acrescenta Noa Sattath. 

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