Detenção de jogador durante jogo do campeonato lança problema diplomático entre Israel e Turquia

15 jan, 09:09
Sagiv Jehezkel (Associated Press)

Ministros de ambos os lados lançaram críticas. Autoridades turcas falam em "incitamento público ao ódio e à hostilidade"

Um jogador israelita foi detido este domingo pelas autoridades turcas, depois de ter mostrado solidariedade para com os reféns retidos pelo Hamas na Faixa de Gaza durante uma partida do campeonato de futebol. Entretanto o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel anunciou que o atleta já foi libertado e que vai regressar ao país ainda esta segunda-feira.

Sagiv Jehezkel, jogador do Antalyaspor, foi detido para interrogatório, com o ministro turco da Justiça a justificar a detenção com possíveis acusações de “incitamento público ao ódio e à hostilidade”. Yilmaz Tunc reiterou através das redes sociais que o atleta teve um “gesto feio em apoio ao massacre israelita em Gaza”.

"Volto a condenar os ataques de Israel, que tem cometido crimes contra a humanidade através do genocídio em Gaza, independentemente de crianças e mulheres, jovens e velhos, por mais de 100 dias. Vamos continuar ao lado dos palestinianos oprimidos", escreveu o ministro.

Depois de ter marcado o golo do empate na partida frente ao Trabzonspor, que acabou mesmo empatada, o jogador de 28 anos mostrou uma pulseira com uma mensagem a assinalar os 100 dias do ataque do Hamas a Israel, ocorrido a 7 de outubro, e no qual mais de 200 pessoas foram levadas para a Faixa de Gaza, tendo muitas delas regressado, entretanto, a casa.

As autoridades turcas entenderam este gesto como provocatório, sendo que Ancara tem criticado por várias vezes as ações israelitas na Faixa de Gaza.

O Antalyaspor também já suspendeu Sagiv Jehezkel da equipa, anunciando mesmo que está a verificar as condições legais para terminar o contrato do jogador com justa causa, uma vez que este gesto vai contra os "valores" do clube.

A Federação Turca de Futebol condenou o gesto, dizendo que “perturba a consciência” do público turco.

Um incidente que já extravasou as fronteiras dos relvados, e que ameaça ser um problema diplomático. Logo após a notícia da detenção o primeiro-ministro israelita veio criticar a decisão turca. “Tenham vergonha, governo turco”, escreveu Benjamin Netanyahu nas redes sociais.

Já na manhã desta segunda-feira o ministro da Defesa de Israel classificou a detenção do futebolista de escandalosa e hipócrita. Yoav Gallant afirma que Israel foi o primeiro país a ajudar a Turquia durante os terramotos do ano passado, dizendo que o regime de Ancara serve como um "braço do Hamas".

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