Em suma, o PS deixou o Estado Social "em estado de liquidação": Paulo Rangel lamenta "a herança pesada" deixada por António Costa

12 abr, 13:03
Paulo Rangel (LUSA)

Governo considera "injustas" críticas à inclusão de 60 medidas da oposição no programa e diz que "não era suposto" ter avisado os partidos antes

O ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros encerrou o segundo dia de debate parlamentar do programa do Governo. "A ideia do oásis cor-de-rosa é desmentida a cada dia", argumentou. Porque "a herança que o anterior Governo nos deixa, apesar do alarido com o excedente, é uma herança pesada". E disse porquê (antes disso: justificou por que motivo o Executivo não dialogou antes sobre o programa de Governo)

Em nome do Governo, Paulo Rangel subiu ao púlpito do plenário para reiterar os apelos à "responsabilidade" da oposição, de forma a que deixe o Executivo governar, e lamentou as críticas de que o Governo tem sido alvo por incluir no programa de governação 60 medidas de todos os partidos.

Diante dos deputados, o ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros lembrou que "não era suposto nem desejável" que o programa do Governo fosse negociado com os restantes partidos, entendendo o documento como "a base da negociação" no Parlamento.

O Governo considerou por isso "injusta" a crítica que lhe tem sido feita por ter incluído no programa 60 medidas de todos os partidos da oposição, salientando que tal foi decidido para dar "um sinal de abertura".

"Dizem 'não houve diálogo prévio'. Claro que não, porque não era suposto haver, mas há abertura programática e isso ninguém pode negar", argumentou Paulo Rangel, lançando a seguinte questão retórica aos deputados: "Alguém tem memória de um Governo de maioria relativa que tenha feito suas propostas vindas de todos os partidos da oposição?"

Ora, "não devendo o programa do Governo ser negociado", prosseguiu, "ainda assim quis o primeiro-ministro que se desse um sinal claro de que não se excluíam as oposições".

O ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros encerrou o segundo dia de debate parlamentar do programa do Governo reforçando os apelos à "responsabilidade" da oposição. Afinal, disse, "a ideia do oásis cor-de-rosa é desmentida a cada dia", enumerando vários casos que foram 'herdados' do anterior Governo: "o imperdoável descontrolo da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a ocultação da tabela dos preços da ADSE, a total impreparação do edifício da CGD para sediar o novo Governo, (...) e o surpreendente prejuízo de mil milhões no Banco de Portugal". "A lista é grande e aumenta a cada dia", observou.

Além desses casos, o novo Governo depara-se agora com o que Paulo Rangel resume a uma "degradação dos serviços públicos", "do SNS às escolas, dos tribunais às forças de segurança". "Para não falar da habitação e do desemprego jovem, da precariedade e do êxodo dos jovens", acrescentou. Em suma, "o Estado Social parece agora em estado de liquidação"

"A herança que o anterior Governo nos deixa, apesar do alarido com o excedente, é uma herança pesada", advertiu. Mas Paulo Rangel garante que o novo Governo está "cheio de ânimo, energia, garra e determinação" para "resolver os problemas concretos da vida dos portugueses".

E outra crítica: "Desenganem-se os habituados a governos de anuncia e adia, ou até de adia e anuncia. O primeiro-ministro e o Governo vieram mesmo para fazer acontecer, para melhor a vida do pais e de todos nós."

Prosseguindo a moda das citações de ilustres autores portugueses no parlamento, Paulo Rangel encerrou o debate citando Ricardo Reis: "'Uns, com os olhos postos no passado, veem o que não veem. Outros, fitos com os mesmo olhos no futuro, veem o que não se pode ver. Porque tão longe ir pôr o que está perto. Este é o dia, esta é a hora, este é o momento. Isto é quem somos. Isto é quem somos e é tudo".

Partidos

Mais Partidos

Mais Lidas

Patrocinados