Braga-Guimarães, 2-1 (crónica)

18 dez 2001, 23:34

Perdido na lei da rolha O Guimarães jogou fechado e deu no que deu. Nunca teve ideias para contrariar a fúria do Braga, que garantiu a passagem aos oitavos-de-final da Taça de Portugal.

A lei da rolha já é uma expressão gasta, mas saiu do baú para caracterizar o que se passou em Braga. Enquanto a equipa da casa fez tudo para passar a perna ao adversário, o opositor ficou sempre à espera de qualquer coisa. Jogou fechado, apostando num meio-campo povoado e acabou por pagar cara a factura. Quando acordou já era tarde de mais, já a formação de Cajuda dominava o desafio e tinha carimbada a passagem aos oitavos-de-final da Taça de Portugal. 

Aliás, o Guimarães só pode ter culpa de si próprio. Nem parecia para aquilo que vinha, para um encontro de futebol. No maior derby do Minho actuou encolhido, talvez por causa do frio e pareceu distante de qualquer ambição. Mas para que assim fosse muito contribuiu a postura do Braga, sempre destemido, sempre imaginativo com a bola em seu poder, à procura de pés milagrosos para os golos. E eles aconteceram, apesar de nem todos acreditarem. Já lá vamos... 

O jogo de desempate da Taça de Portugal não podia ter tido um começo tão aborrecido. Chegou a ser desesperante. Um vazio de ideias, baldes e baldes cheios de nada. Ninguém atacava, ninguém causava perigo. Não tardou muito, já o Braga estava na frente, com o adversário preso pelos colarinhos, sufocando-o até ao último suspiro como naqueles filmes escuros de terror. Os adeptos vimaranenses nem queriam acreditar, especialmente pela reacção tardia da sua equipa, que só na segunda parte colocou os pés no chão. 

Flanco direito endiabrado 

Depois de um começo tão cinzento, o jogo tornou-se mais cintilante. Aos 20 minutos, o Braga já dominava e fazia o guarda-redes Vítor Nuno ¿ no lugar do lesionado Palatsi ¿ tremer por todos os lados. A equipa da casa utilizava os flancos e tinha a vantagem de ter jogadores inspirados como Armando, Riva e Castanheira. O primeiro combinava com o segundo no flanco direito e ninguém era capaz de parar tamanha fúria. Por isso, o golo de Barata aconteceu com naturalidade, quando os da casa já estavam fartos de carregar no acelerador e os forasteiros cansados de defender. 

Ao golo do ponta-de-lança brasileiro, Augusto Inácio acordou do pesadelo e fez entrar Guga para o lugar do apagado Hugo Cunha. O Guimarães ganhava a vivacidade perdida, mas era tudo tão previsível, tão lento e tão insosso, que mais valia a pena ter ficado em casa, sentado no sofá, com um cobertor em cima das pernas por causa do frio. Os adeptos vimaranenses deviam ter colocado as mãos na cabeça, porque, certamente, não queriam ver aquilo que os seus olhos lhes transmitiam. Muitas vezes, Guga parecia incompreendido, pois queria mais do que os colegas e nada podia fazer para inverter o rumo dos acontecimentos. 

Na segunda parte, o Guimarães entrou disposto a virar a mesa. Entrou decidido, chegou a causar perigo, mas o Braga estava vacinado contra todos os vírus. Tinha a vitória fisgada nos olhos e depressa inverteu a tendência. No entanto, se Nuno Assis tivesse marcado um golo quase certo, logo a reabrir o espectáculo, a coisa poderia ter sido bem diferente. Mas adiante. Não tardou muito a equipa da casa equilibrou as operações e o mesmo Barata, o tal que deixa os defesas tontos, marcou o segundo golo. Não havia nada a fazer. Mesmo assim, Flamarion ainda obteve o único golo da sua equipa, em cima do último minuto. Temeu-se o prolongamento, mas tudo não passou de um pensamento em vão. Boa arbitragem.

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