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8 jun 2000, 16:38

Entrevista a Jorge Valdano

«Actualmente, o futebol é um espectáculo que a cada dia se vende melhor e cada dia se faz pior. Cedo ou tarde, aqueles que tomam conta do negócio vão perceber que os seus benefícios passam pela defesa do espectáculo.» 

- De que forma as condicionantes económicas estão a definir o rumo tomado pelo futebol?  

- O futebol já conheceu vários períodos em que pareceu extraviar a busca de novas soluções. Por volta de 1968, quando o «catenaccio» de Helenio Herrera começou a ganhar coisas, isso influenciou o mundo inteiro. Mas a história mostra-nos também que há sempre saídas para os períodos difíceis. Logo a seguir veio o Brasil de 1970, e mais tarde a Holanda de 1974, que reencaminharam o futebol no sentido da espectacularidade. Este é mais um momento de incerteza, porque as mudanças foram demasiado rápidas e não houve tempo para assimilar as novas realidades. Há muito dinheiro e, em conjunto com a livre circulação de jogadores, isso gerou uma grande confusão. Mas, como sempre acontece, o senso comum vai pôr as coisas no devido lugar. É uma lei da física: todos os corpos tendem para o estado de repouso. 

- Os efeitos do acórdão-Bosman resultaram em claro benefício dos futebolistas. E o futebol, no meio de tudo isto? 

- A liberdade é sempre benéfica. É certo que a decisão provocou aberrações, mas o mercado vai acabar por corrigi-las sozinho. 

- Um dos grandes temas do momento tem a ver com a sobrecarga dos calendários competitivos. Acredita que a proposta de unificação pode solucionar o problema? 

- Essencialmente, este é um cenário desumano. Actualmente, o futebol é um espectáculo que a cada dia se vende melhor e cada dia se faz pior. Cedo ou tarde, aqueles que tomam conta do negócio vão perceber que os seus benefícios passam pela defesa do espectáculo.

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