Varzim-Leixões, 2-2 (crónica)

18 nov 2001, 17:54

À moda antiga Os adeptos do Leixões já não vão à Póvoa de traineira, mas o confronto recuperou a velha rivalidade, num jeito à «antiga portuguesa». Decisões... só no Mar.

Há três décadas, sensivelmente, o jogo da Taça, por sinal o primeiro entre ambos, fervilharia no campeonato, ao sabor de uma velha e intensa rivalidade, extremada em meados dos anos 70, quando o Varzim «pescou» meia-dúzia de estrelas do Mar. Na altura, em que os adeptos do Leixões desafiavam as vagas de traineira até à Póvoa, Folha só escapou porque o Benfica chegara primeiro. 

Mudaram-se os tempos. O Leixões desceu e não voltou a subir e os seus adeptos preferem agora atulhar o IC1, com o colorido de bandeiras e cachecóis, num cómodo percurso de três dezenas de quilómetros. Essas serão, contudo, as únicas diferenças perceptíveis, porque o ódio de estimação, originariamente cultivado pelos pescadores da Póvoa e de Matosinhos, não se esbateu e as distâncias de escalão não foram detectadas em duas horas de futebol. 

Na verdade, foram os leixonenses que transmitiram maior encanto ao jogo. Na bancada, gozando da condição de serem mais numerosos, e no relvado, ignorando a desvantagem teórica, o que lhe permitiria gerar a dupla sensação de jogar em casa e de ter regressado, ainda que por instantes, à I Liga. 

Ousado, Carvalhal exigiu velocidade, na geração de um processo instantâneo, imediato à autorização do árbitro, que permitia que 22 jogadores repartissem a mesma bola. O Leixões era melhor, mais rápido e ameaçador, ainda que o adversário, tocando menos vezes no pedaço de couro, acabasse sempre por descobrir método para retribuir o perigo em doses semelhantes. 

O jogo não seria propriamente brilhante, mas a velocidade e a aplicação em cada lance recuperava o estilo à «antiga portuguesa». «Rasgado», sem pausas, impróprio para pézinhos de lã. O melhor estava reservado para o final. E o melhor mesmo seria que Varzim e Leixões tivessem jogado apenas o prolongamento, um período de ritmos alucinantes, que, dos 105 aos 118 minutos, produziu quase um golo por cada três minutos, com trocas de liderança e o adiamento da decisão para Matosinhos.  

Um espectáculo em cheio, que registou ainda a defesa de Litos na tentativa de transformação de uma grande penalidade, pelos pés de Pedras, que poderia ter evitado o prolongamento, e um «frango», no outro extremo, de Ferreira. Suprimidos os dois instantes, o Leixões estaria agora a festejar a eliminação de um pequeno poderoso e de um velho rival. 

Do árbitro Pedro Henriques detectaram-se apenas pequenos lapsos. Nenhum deles comprometedor. A menos que, logo aos quatro minutos, Antchouet estivesse mesmo em jogo...

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