F.C. Porto vence Braga nos penalties

7 out 2001, 20:06

Rio abaixo, rio acima Tudo ao sabor da corrente. F.C. Porto e Braga perdidos numa imensidão de água, esbracejando para tentar salvar um pouco de qualidade. Valeu pelo empenho e pela emoção das grandes penalidades.

A chuva minhota tornou o relvado num lençol de água e estragou os planos a quem reservara a tarde de domingo para ver ao vivo futebolistas nunca visitam esta zona do país. A festa da inauguração do novo Centro de Estágios de Melgaço, um verdadeiro orgulho para estas gentes, terminava com o F.C. Porto-Braga que servia de prato principal para um dia inesquecível. Até a visita de António Guterres passava para plano secundário. Os cerca de dois mil espectadores queriam mesmo era ver Ricardo Sousa, Paulo Costa, Rafael, Castanheira e Barata a tratar a bola com carinho, ou então, em alternativa, Barroso a estourar de distâncias impensáveis. O futebol goleava a política. 

A partida principiava condenada ao fracasso e só o empenho e o arreganho poderiam amenizar os estragos de tanta água. Só num repente ou, quando muito, num descuido de quem defendia, era possível pressentir um pouco de perigo. Ricardo Sousa, numa tentativa em força e num chapéu a recordar aquilo que Figo fizera na véspera com êxito, conquistava num instante o estatuto de figura da primeira parte e garantia as exigências mínimas de qualidade. O Braga acusava de forma mais visível a tendência para as derrapagens constantes e para as quedas aparatosas. Só Castanheira parecia aproximar-se dos níveis habituais, ainda que se afogasse no desespero ao ver que ninguém o acompanhava nas tentativas sem sucedidas. 

A segunda parte trouxe as substituições intermináveis e mais água. Muita água. O céu parecia caír sobre a relva e tornava tudo ainda mais complicado. Jogavam agora quase em exclusivo futebolistas da «classe B» e a qualidade afundava-se em cada uma das poças. Vinham os repelões e os pontapés muitas vezes sem sentido. Era complicado fazer mais quando as armadilhas do terreno minavam todas as intenções. Todos os disparates estavam previamente desculpados e os treinadores não ousavam repreender o que quer que fosse. Só a sorte poderia premiar a luta. Hélder Sousa, ainda assim, podia ter evitado as grandes penalidades, mas acertou apenas no poste.  

Jogava-se agora na lotaria. Octávio escolhia cinco jogadores da equipa B, passava-lhes a pressão para as mãos e ficava a aguardar que Pedro Espinha fizesse o resto. O guarda-redes defenderia duas grandes penalidades e parecia querer agarrar sozinho o I Troféu Município de Melgaço. Curcija e Artur Jorge eram os mais tristes dos momentos finais e Ferreira, o último atirador, conquistava o direito à derradeira vénia a um público que, mesmo encharcado, não parou de aplaudir algo que, por certo, não vai esquecer. 
 

FICHA DO JOGO 

Complexo de Estágios de Melgaço

Árbitro: Paulo Paraty (Porto)

Auxiliares: José Cardinal e Devesa Neto 

F.C. PORTO: Paulo Santos; Secretário, Ricardo Costa, Hugo Luz e Bruno Alves; Paulinho e Ricardo Sousa; Paulo Costa, Rafael e Folha; Moreira

Jogaram ainda: Pedro Espinha, Ferreira, Sousa, Elias, Pedro Nuno, Pedro Oliveira, Joca, Delfim, Hugo Soares, Nuno Fonseca Mateus

Treinador: Octávio Machado 

BRAGA: Marco; Armando, Artur Jorge, Idalécio e José Nuno; Barroso, Lima e Castanheira; Bakero, Barata e Abiodum

Jogaram ainda: Rui Rego, Odair, Paulo Gomes, Curcija, Hélder Sousa, Michell, Puma, Paulo Jorge, Sam Son e Bruno

Treinador: Manuel Cajuda 

Resultado no final dos 90 minutos: 0-0

Resultado final: 4-3

Marcadores das grandes penalidades: Bruno Alves, Hugo Luz, Joca e Ferreira (F.C.Porto); Hélder Sousa, Odaír e Puma (Braga). Falharam: Pedro Nuno (F.C.Porto); Curcija e Artur Jorge (Braga)

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