Treinador conta ao Maisfutebol como viveu o «jogo do século» No primeiro jogo no Cairo como técnico do Al-Ahly, Manuel José despoletou uma verdadeira loucura nas ruas.
Gritos de euforia, segurança máxima, milhares de adeptos fanáticos e extasiados com o regresso da sua equipa à competição e logo num jogo com o Real Madrid. Frente-a-frente as equipas do século XX em África e na Europa.
No banco de suplentes pensava-se em português, tentando transmitir ideias para dentro de campo, onde se falava egípcio. Manuel José, o novo treinador do Al-Ahly Club, tentava convencer os seus jogadores a concentrarem-se no relvado e no adversário. Mas a emoção era impossível de conter e até durante o aquecimento teve de chamar a atenção dos seus atletas para continuarem a cumprir os exercícios em vez de agradecerem os permanentes cânticos dos adeptos.
Em conversa com Maisfutebol, o técnico português mostrou total disponibilidade para abordar os aspectos de uma nova vivência no norte de África. «Foi uma loucura total, como se tivessem ganho a Liga dos Campeões na Europa», resume quando confrontado com aquilo que aconteceu nas ruas da capital egípcia após ter vencido o Real Madrid, ontem, por 1-0, mesmo que do outro lado estivesse uma equipa recheada de estrelas: Figo, Zidane, Raúl e Roberto Carlos estavam no «onze».
«Vai ficar na memória»
«Sete ministros foram ver o jogo e o Real Madrid foi recebido com honras de chefe de Estado, completamente rodeados pelas mais fortes medidas de segurança. Havia uma grande expectativa entre os adeptos do Al-Ahly, que encheram por completo o estádio. Foi a terceira vez que vieram ao Cairo. A primeira foi nos anos 60 e os egípcios perderam por 4-1, na segunda vez fizeram uma espécie de Selecção com o Zamalek e foram goleados por 7-1», comenta o experiente treinador português.
Depois de 20 dias de estágio em Portugal, onde a única preocupação foi «mudar o esquema táctico e introduzir uma nova atitude, mais profissional, na equipa», era importante que no primeiro jogo em casa surgisse um resultado positivo. «Na primeira parte estávamos um pouco nervosos com todo aquele aparato e por ver tantas estrelas do outro lado. Só que o segundo tempo foi excelente e podíamos ter marcado mais dois ou três golos. Para princípio de época foi muito bom».
Manuel José sabe que «esta vitória cria responsabilidades para o futuro» e leva-o a crer que tem «equipa para bater qualquer adversário». Embora tenha sido num jogo particular, «ganhar ao Real Madrid tem um significado especial». Em termos pessoais também nunca poderá deixar de ter importância: «Vai ficar na minha memória para sempre, ainda por cima contra uma verdadeira constelação de estrelas».
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