Hong Kong: venceram os candidatos pró-China, os únicos a votos

20 dez 2021, 07:36
Hong Kong

Abstenção recorde, nas eleições menos participadas da história de Hong Kong, ensombra vitória dos "patriotas" pró-China, os únicos que foram autorizados a candidatar-se

Nas primeiras eleições de Hong Kong com regras "made in China", venceram os únicos que podiam vencer - os candidatos pró-China, considerados como "patriotas" pelas regras de Pequim -, pois foram os únicos autorizados a candidatar-se. Por isso, a notícia não foi tanto a vitória inevitável, mas o magro resultado dessa vitória: as eleições de ontem foram as menos participadas na história de democracia em Hong Kong.

Na corrida ao Conselho Legislativo (o parlamento de Hong Kong) apenas votaram 30,2% dos cerca de 4 milhões de eleitores inscritos no território. É menos de metade da participação eleitoral média registada entre 2004 e 2016, que andou acima de 80%. Com os movimentos pró-democracia impedidos de apresentar candidatos, que não passariam no filtro de "patriotismo" imposto por Pequim, tratou-se da única vitória possível para a oposição local, que nos últimos meses apelou ao boicote a uma eleições vistas como não-livres e manipuladas à medida dos interesses do Partido Comunista Chinês.

A líder do território, Carrie Lam, deu uma conferência de imprensa esta segunda-feira em que tentou desvalorizar a fraca participação eleitoral. Admitiu que a abstenção foi muito alta, mas recusou-se a dar razões específicas para isso. ”Mas 1,35 milhões de eleitores foram votar, não se pode dizer que não tenha sido uma… eleição que não tenha conseguido bastante apoio dos cidadãos”, disse a líder máxima do território.

Eleitores "precisam de tempo para se adaptar"

Também o presidente do principal partido pró-Pequim foi confrontado com a participação eleitoral de apenas um terço dos eleitores inscritos. “As pessoas precisam de tempo para se adaptarem a este sistema”, disse Starry Lee, sobre o novo modelo eleitoral apenas com candidatos autorizados pelo PCC. A Aliança Democrática para o Melhoramento e Progresso de Hong Kong, o partido de Lee, conseguiu metade dos 20 lugares que estavam em disputa (num total de 90 lugares no Conselho Legislativo).

Com as listas eleitorais abertas apenas aos candidatos pró-Pequim - e alguns “moderados”, supostamente menos alinhados com o PCC -, estes cantaram vitória de forma esmagadora. Nenhum dos auto-intitulados “moderados” conseguiu ser eleito para o parlamento da cidade.

As eleições deste domingo foram as primeiras após a imposição da nova Lei de Segurança Nacional, que motivou protestos massivos no território em 2019 e pôs um fim, de facto, à tradição de eleições democráticas no território, onde deixaram de existir liberdades básicas como associação, manifestação, liberdade de expressão e liberdade de imprensa.

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