«Já não há equipas superdefensivas», diz Fernando Santos

7 abr 2001, 14:51

Treinador do F.C. Porto prevê atitude do Gil Vicente Fernando Santos espera dificuldades, mas não se convence. «Não acredito que o Gil Vicente venha às Antas a pensar exclusivamente no empate», assume, certo que a sua equipa terá de «dar uma boa resposta para conseguir aquilo que persegue». Apesar de a conversa com os jornalistas ter sido confinada ao próximo compromisso na I Liga, deixou ainda uma palavra de solidariedade para Fernando Couto.

O treino ja tinha terminado há cerca de duas horas quando Fernando Santos principiou a falar publicamente sobre o Gil Vicente, o próximo adversário do F.C. Porto na I Liga. Opções e estratégia, obviamente, ficaram guardadas para o segredo do balneário e apenas serão constatadas na noite de segunda-feira, quando a equipa pisar a relva das Antas. Para já, o treinador fica-se pelas teorias esperadas, repetidas semanalmente e reajustadas com uma simples troca de rótulo. 

Fernando Santos não acredita que o Gil Vicente venha ao Porto exclusivamente para defender. «Já não há equipas superdefensivas, uma vez que o sistema de três pontos por vitória veio alterar esse tipo de filosofia», defende, certo que a equipa de Luís Campos não pensará unicamente em pontuar. «É claro que o empate seria muito bom para eles, mas não acredito que venham apenas defender. Estou certo que vão apresentar uma táctica de atrevimento defensivo». Ou seja: «O Gil Vicente tentará anular o jogo do F.C. Porto o mais longe possível da sua área». 

Como não podia deixar de ser, o treinador fala de dificuldades previsíveis e problemas repetidos. «Vão tentar contrariar a nossa tarefa, por isso não será fácil», perspectiva, assumindo de imediato que cabe ao F.C. Porto contrariar os intentos alheios. «Estou convicto de que vamos dar a melhor resposta e ganhar». Só assim, confia Fernando Santos, será possível partir para um ciclo que os portistas querem que seja inesquecível. «A vitória em Alverca foi importante para acabar com uma má sequência fora de casa. Agora queremos pensar em vencer todos os jogos para alcançarmos aquilo que queremos». 

Uma vez mais, porém, terá de proceder a algums trocas na equipa inicial. Capucho e Esquerdinha, que se apresentaram muito bem em Alverca, estão castigados e Pena, o melhor marcador do clube, esteve toda a semana condicionado. «É claro que preferia manter sempre o mesmo onze, porque isso significaria que tinha todas as opções disponíveis», concorda Fernando Santos, evitando ainda assim atribuir grande importância ao facto. «Já não estamos em fase de desculpas. Quem quer ser campeão não pode dar muito valor a essas coisas». A indisponibilidade do brasileiro, apesar de tudo, ainda não é um dado adquirido. «Não será fácil estar nas melhores condições. Vamos ver amanhã», resumiu, remetendo o fim das dúvidas para a divulgação da convocatória. 

Depois de ter visto o Braga perder ontem dois pontos, o F.C. Porto está agora a aguardar pela partida do logo do Sporting, em Leiria, e do Boavista, amanhã à noite, no Bessa, com o Farense. Esta jornada, os portistas têm a possibilidade de entrar em campo com todas as contas parciais feitas. «O futebol não ganha nada com jogos ao longo de todo o fim-de-semana», começou por assumir Fernando Santos quando confrontado com esta realidade. Para a sua equipa, todavia, talvez fosse preferível «jogar primeiro, uma vez que não existiria tanta ansiedade», se bem que o técnico não goste de atribuir grande importância a este tipo de situações, que pouco têm a ver com o jogo em si. «Nunca me preocupo com os adversários. Raramente vejo jogos deles, a não ser que os vá defrontar. Hoje, por exemplo, não vou assistir ao Leiria-Sporting. Já basta o que sofro no banco e, de resto, não sou pessoa para estar ali a desejar mal a ninguém». 

«Fernando Couto tem de ser muito forte» 

A solidariedade justificava-se. «Não o conhecendo muito bem, pois nunca foi meu jogador, estou capaz de dizer o que disse o Jorge Costa: ponho as mãos no fogo pelo Fernando Couto». Fernando Santos reservava os últimos minutos da conferência de Imprensa para falar de um dos melhores jogadores do futebol português. «Fiquei surpreendido. O Fernando tem um espírito guerreiro, por isso o que se está a passar com ele é uma chatice. Ficámos todos muito incomodados». 

Apesar de considerar todas as manifestações de solidariedade muito importantes, Fernando Santos está convicto que a maior contribuição para ultrapassar este caso terá de ser do próprio. «Por tudo o que este tipo de coisas acarreta em Itália, queria dizer-lhe para ser muito forte», concluiu.

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