Fernando Santos: «Crise? Não conheço essa palavra»

14 fev 2001, 14:20

Treinador voltou a falar nas Antas A eliminatória da Taça UEFA com o Nantes e a presença nas Antas de diversos jornalistas franceses levou Fernando Santos a abondonar o silêncio semanal. Mais de 170 dias depois da última conferência de Imprensa não obrigatória. O treinador falou apenas de partida de amanhã e foi sucinto quando lhe falaram, em francês, de uma eventual crise.

Um anúncio pouco usual, a quebrar a monotonia vigente e a obrigar os jornalistas a recuperar blocos e gravadores há muito esquecidos. Fernando Santos iria falar após o treino, assegurava o assessor de Imprensa, diante de uma plateia de expressões de surpresa. Bastava chegar as equipas de reportagem francesas e tudo voltaria temporariamente ao normal. 

A benesse, porém, seria condicionada. O responsável das relações externas do F.C. Porto, que ladeava Fernando Santos, avisava que o treinador só responderia a questões sobre o jogo e condicionava a troca de ideias que os jornalistas tinham preparado enquanto esperavam. Não seriam debatidos problemas recentes, discutir-se-ia apenas sobre o Nantes e a fase da Taça UEFA que os portistas se preparam para disputar. 

«A equipa está bem», principiava Fernando Santos, assumindo um ritmo de resposta que se manteria inalterado. «Os jogadores estão conscientes daquilo que valem e daquilo que podem fazer», prosseguia, certo que «nada se resolverá já amanhã». Do Nantes, jurava «nada temer», mesmo que o «sentido colectivo» do adversário o levasse a confessar que «o F.C. Porto terá de ter cuidado». «Têm uma excelente equipa», insistia, «são de uma escola que é campeã do Mundo e da Europa, por isso vamos ter de respeitá-los». 

Fernando Santos falava de dificuldades e não de obstáculos intransponíveis. «Vamos tentar tudo para obter um resultado positivo», sublinhava, «queremos ganhar». Para que tal suceda, será necessário que os jogadores do F.C. Porto estejam inspirados, pois só assim poderão superiorizar-se a um adversário que o treinador diz ser algo semelhante à sua equipa. «Os modelos de jogo não são iguais, mas a filosofia de ataque continuado é semelhante, por isso as duas equipas têm condições para discutir ambas as partidas». 

«Quanto mais velho melhor» 

Os franceses presentes no auditório das Antas ousariam, a meio da conferência, recuperar um tema que incomoda o Dragão. «E a crise?», perguntava-se da plateia. Fernando Santos dispensava a tradução. «Não conheço essa palavra», replicava, «o que está a acontecer é que o F.C. Porto não consegue meter a bola na baliza do adversário». Não fosse esse o objectivo do jogo e tudo estaria normal. «Mas temos sempre oito ou nove opotunidades», lembrava, crente que «o jogo de amanhã será diferente». 

A conversa estava a tomar um rumo indesejado. «Será o F.C. Porto uma equipa velha?», perguntava-se novamente em francês, recordando a edição da Liga dos Campeões 95/96, na qual as duas equipas se defrontaram. Baía, Aloísio, Domingos, Drulovic, Folha, Jorge Costa, Paulinho e Secretário ainda estão nas Antas. No Nantes está um plantel totalmente renovado. «Nesta cidade», ensinava Fernando Santos, «há um vinho do qual se diz que quanto mais velho melhor». Era um bom exemplo. 

Chegava a última questão, anunciada pelo assessor sem pré-aviso. «Pressão? Passado é museu», afirmava o técnico. «Importante é o que vamos conseguir amanhã. Estão reunidas as condições para uma excelente jornada europeia. Vamos ter muitos adeptos com a equipa e creio que, em conjunto, podemos ter uma alegria». Depois se verá.

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