Guilherme de Aguiar: «Caso Quim será decidido com objectividade»

22 mar 2002, 20:29

Mundial não poderá pesar na decisão O director-executivo da Liga recorda que, no doping, «cada caso é um caso».

O doping tem estado no centro das principais discussões do futebol português esta época. Mais ainda do que noutras temporadas. O «fenómeno nandrolona» agitou as águas, sobretudo quando rebentou o «caso Quim». Guilherme de Aguiar não fugiu à questão.

Maisfutebol -- Falemos de doping... Na sua opinião, Quim deve ou não ser penalizado pela Liga?

José Guilherme de Aguiar -- É impossível responder de forma simples a essa questão. Antes do mais, devo dizer que obviamente não me agrada ver o Quim nesta situação, como nunca me agrada ver um atleta que é profissional a passar uma situação destas. Mas por muito que isso me custe, há um dado objectivo: a análise em causa deu positivo. A contra-análise também deu positivo. Atenção: não estou com isto a dizer que o Quim se dopou. Ninguém poderia garantir uma coisa dessas. Mas a análise que foi feita é objectiva.

MF -- E as dúvidas que tantos especialistas têm levantado em relação a forma como (não) se devem penalizar os jogadores que acusaram nandrolona?

JGA -- Isso é outra questão. Temos que nos lembrar que quem decide são juízes e os juízes, como deve imaginar, não são especialistas de questões científicas. Por isso, temos ouvido os especialistas. Quando se entender que há condições para se emitir uma decisão, a Comissão Disciplinar da Liga emitirá uma decisão...

MF -- As absolvições do Marco Almeida e do Laelson não abrem um precedente nas decisões da Liga sobre nandrolona?

JGA -- Não, claro que não, porque sempre ficou claro que nestas situações cada caso é um caso. Há que deixar bem claro que se tratou de absolvições, não de despenalizações. Isto é: não nos pronunciámos sobre se houve «crime» ou não. O que concluímos é que perante a dúvida que ficou levantada em relação a se a existência excessiva de nandrolona foi endógena, ou exógena, ou seja, se não ficou provado que os níveis excessivos foram resultantes de uma situação ilícita, decidiu-se pela absolvição, de acordo com o velho princípio da justiça segundo o qual «no caso de incerteza, é preferível absolver um culpado do que culpar um inocente». Foi tomada em consideração a concentração baixa de ambos os casos.

MF -- Mas essas decisões nada indiciam, então, que Quim conhecerá o mesmo veredicto...

JGA - Obviamente que não. Cada caso é um caso.

MF -- O facto de o mundial estar perto poderá pesar minimamente na decisão do Quim?

JGA - Como factor que influencie a sentença, obviamente que não. Em relação à data, isto é, tendo em conta a proximidade do evento, há que perceber que uma seja qual for a decisão, ela terá efeitos retroactivos. Por isso, um eventual castigo já estará a contar neste momento.

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