Rui Óscar e Duda assumem favoritismo do Boavista

9 jan 2001, 13:55

F.C. Porto é passado Passaram pelas Antas, mas tiveram de rumar a outras paragens para se afirmarem no futebol português. Brilham agora no Boavista e escusam-se a falar do derby portuense com algum sentimento especial. Importante, asseguram, é o Boavista ganhar, pois isso traduzir-se-á num acréscimo de confiança para a luta pelas... competições europeias.

Suspeitavam que seriam chamados à sala de Imprensa e não ousavam declinar a provocação, certos que a conversa teria paragem obrigatória na passagem de ambos pelo F.C. Porto, agora recordada nas vésperas de um jogo que lhes pode encher as medidas. A preparação do Boavista terminara há minutos e o almoço teria de ser apressado, pois mais tarde, a um par de horas de distância, deviam estar novamente equipados para a segunda sessão do dia. Sobravam um minutos, para desfiar opiniões. 

Rui Óscar, formado as Antas, evita euforias. «Está a ser uma semana igual a todas as outras», assegura. «É apenas mais um jogo». O defesa assume os cuidados nas primeiras respostas, contorna as questões mais desconfortáveis e defende-se com sorrisos. «Esperamos jogar bem e conquistar os três pontos», resume, concordando que «ser campeão da primeira volta pode ser moralizador, mas não garante nenhum tipo de troféu». A conjectura, no entanto, merece nova referência, desta vez um pouquinho mais ambiciosa. «Temos consciência que o triunfo nos dará uma confiança redobrada». Para assumir de vez a luta pelo título? «Para o resto do campeonato», contraria. «Não podemos pensar em mais nada que não seja uma vaga nas competições europeias. É esse o nosso objectivo e é para isso que estamos a trabalhar». 

Duda falaria minutos mais tarde, mas decalcaria o discurso do colega, assumindo uma espécie de tese de balneário que continua a controlar as ambições. «Não devemos falar muito», defende, «o mais importante é trabalhar e esperar que tudo o resto aconteça naturalmente». A partida de sábado, jura, não cria novas sensações, muito menos faz com que o Boavista altere o regime instituído. «Vamos respeitar o F.C. Porto, mas vamos tentar impor o nosso ritmo. Jogamos em casa e talvez por isso se possa falar num certo favoritismo, porém num campeonato tão nivelado como este, é quase impossível fazer previsões». Para o defesa, este tema é um pouco mais claro e dispensa rodeios. «Penso que somos favoritos», assume Rui Óscar. E explica: «Temos um plantel que trabalha muito, que é humilde e que, por tudo isso, pode lutar sempre pelas vitórias». 

O F.C. Porto une-os, mesmo que apenas tenham trabalhado juntos no Bessa onde, curiosamente, estão a alcançar os melhores desempenhos da carreira. «Agora sou jogador do Boavista». Rui Óscar recusa falar de si próprio e das lembranças que o derby pode despertar. «Gostei de estar do F.C. Porto, mas o presente é que é importante», prossegue, não escondendo, todavia, que vai encontrar diversos amigos no lado das camisolas azuis-e-brancas. «Já conversei com alguns e até deu para brincar um pouco, mas dentro do campo esquecem-se momentaneamente as amizades». 

A mesma questão, vista por Duda, origina respostas ainda mais lacónicas, transformadas em tiradas de humor face à insistência dos jornalistas. «Não vou sentir nada de especial», garante o brasileiro. A passagem pelo F.C. Porto acabou por ficar muito distante das expectativas criadas, mas não será por isso que vai entrar em campo com um estímulo especial. «Não tenho de provar nada a ninguém. Conheço muito bem as minhas capacidades e tenho trabalhado para as melhorar. Quando se quer mostrar algo, de resto, as coisas acabam por correr mal». O avançado arrisca uma gargalhada quando lhe falam de vingança, cruza os braços e opta de vez pela boa disposição. «Se vingança significa marcar golos, então tudo bem, quero vingar-me», afirma, lembrando que já o haviam confrontado com o mesmo tema quando, ainda no Alverca, marcou por duas vezes ao Benfica e quando, já esta temporada, no Bessa, voltou a bater o guarda-redes encarnado.

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