Com DJs, cangurus e drag queens, a Austrália reabriu as fronteiras

21 fev 2022, 06:29

Houve festa e lágrimas de alegria nos aeroportos australianos, no dia em que as fronteiras se voltaram a abrir após dois anos de isolamento quase total

Houve música e DJs, drag queens vistosas, gente vestida de canguru e ofertas de pão barrado com vegemite, uma espécie de comida nacional australiana. Houve festa e lágrimas de alegria. O ministro do Comércio, Turismo e Indústria vestiu por baixo do casaco do fato uma t-shirt com a inscrição “Welcome back” (bem vindos de volta). Ao fim de quase dois anos (704 dias, para ser exato) de fronteiras praticamente fechadas ao mundo, a Austrália voltou a receber voos internacionais. 

Esta segunda-feira eram esperados mais de 50 voos nos aeroportos internacionais da Austrália. Todos os estados e territórios reabriram portas a viajantes internacionais, à exceção de Austrália Ocidental, que se manterá fechado a visitantes até 3 de março, e irá exigir vacinação com três doses a quem quiser entrar. No resto do país, os visitantes que tenham duas doses de vacina não precisam de fazer quarentena. Os viajantes internacionais que não estejam vacinados terão de submeter-se a testes e, se estiverem negativos, cumprir 14 dias de quarentena num quarto de hotel, arcando com os respetivos custos. 

Enquanto esperam pelo regresso dos turistas, que durante dois anos foram mantidos à distância, os australianos viram aterrar amigos e familiares que, por não terem nacionalidade ou visto de residência, ficaram impedidos de reentrar no país desde março de 2020. “Um grande dia” para a Austrália e para a indústria do turismo, nas palavras do ministro Dan Tehan, o tal que vestiu fato e t-shirt para ir ao aeroporto receber os recém-chegados. 

“Tem sido uma festa no aeroporto de Sydney. Ver a forma como as pessoas se uniram - os abraços, as lágrimas - tem sido maravilhoso. O futuro apresenta-se muito, muito risonho. Faremos tudo o que for possível para manter as fronteiras abertas”, disse o governante, citado pelo The Guardian.

A política de fronteiras fechadas do governo australiano tem sido das mais rigorosas do mundo, ajudada pelo facto de se tratar de uma ilha. As poucas exceções à regra de apenas deixar entrar nacionais e quem tenha autorização de residência - e, ainda assim, com quarentena obrigatória em local designado pelas autoridades - aconteceram nos curtos períodos em que foi permitida a chegada de turistas da Nova Zelândia, igualmente com uma política de fronteiras muito restrita. O momento em que foi mais visível para o mundo a política rigorosa das autoridades australianas em relação à entrada de visitantes estrangeiros foi quando, em janeiro, o tenista nº1 do mundo, Novak Djokovic, foi detido e expulso do país por ter mentido e por não cumprir os critérios de vacinação obrigatória ou recuperação da doença.

O turismo é uma das grandes “exportações” australianas, empregando mais de 660 mil pessoas. Em 2019, o país recebeu 9,5 milhões de turistas. Nos últimos dois anos o setor caiu quase para zero, e nem o turismo interno serviu de tábua de salvação, pois até a circulação entre os diversos estados esteve, por muito tempo, altamente condicionada. 

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