«Olha para isto...» O Benfica organiza visitas ao novo estádio para os sócios poderem conhecer o novo recinto e avaliar um possível investimento.
No princípio era a maqueta, antes da visita no terreno. O Benfica está a organizar mini-excursões à nova Luz, numa tentativa de aproximar os sócios dos lugares que estão a ser comercializados neste momento. Pequenos grupos de 25 pessoas (pronto, arranja-se sempre lugar para mais um) percorrem durante pouco mais de uma hora dois anéis do estádio, e podem ir tirando dúvidas, colocando questões. E há muitas. Ainda na sala de acolhimento, a maqueta é escalpelizada: as árvores, os bonecos, as bancadas, a cobertura que impressiona. O funcionário que acompanha a visita garante que apesar de ser à escala, o estádio verdadeiro será igualzinho.
Os visitantes e, quem sabe, futuros compradores, ficam também a saber que o espaço dedicado às modalidades vai acolher não uma, mas duas piscinas, ambas de 25 metros. Há quem se manifeste contra. Afinal se vai tudo ser construído de raíz, porque não dar logo espaço a uma piscina de 50 metros? Mais uma vez manda o futebol.
Depois de tomadas as medidas de segurança, que incluem os coletes fluorescentes e capacetes, o grupo dirige-se para a estrutura que vai acolher a (mega) loja do Benfica. Antes passa-se obrigatoriamente em frente à agora denominada «velhinha» Luz, ou o que resta dela. Ferros retorcidos, muito betão aos bocados e apenas um pouco da bancada central se mantém de pé. «Olha para isto...», há quem exclame, para depois repetir perante a visão no novo estádio. A maior parte do grupo é constituída por homens, as senhoras aparecem apenas para acompanhar os maridos. Também há grupos de amigos e filhos que acompanham os pais. No fim de contas, não se trata apenas de uma visita de lazer, mas pode estar a caminho a reserva de um lugar, dos mais caros que há em todo o recinto. O Benfica está a promover a venda de 8.500 lugares que podem ser reservados por 10 anos, num estádio que quando pronto vai ter capacidade para 65 mil pessoas. Daí que se torne importante observar e avaliar o que ainda se viu apenas em papel, para se estar mais perto da emoção.
Os sócios e as dúvidas
O relvado é colocado, em princípio, no fim do mês e vai ser importado dos viveiros do Manchester United. Hum, que estranho a relva ser encomendada junto de um dos aliados do maior rival... Do lado oposto está a cobertura. Surgiu a dúvida relativamente ao modo como os espectadores vão estar separados do relvado. Em princípio uma rede ou um muro de acrílico. «No terceiro anel também?» «E se chover, não fica embaciado...?» Esta foi uma das muitas questões apontadas por elementos do grupo e prontamente respondidas. Em princípio não, isso está tudo pensado pelos arquitectos australianos.
Outra zona que suscita grande interesse é o restaurante panorâmico, que vai estar munido de écrans para a transmissão do jogo que estiver a acontecer, tal como todos os bares distribuídos pelo estádio. Vai ficar localizado no topo sul perto dos lugares e camarotes VIP. Em dias de jogo vai estar acessível apenas aos detentores desses lugares, mas no resto da semana terá um horário normal. Assim, quem pensava arranjar uma mesa no restaurante e daí ver o jogo sem pagar bilhete, desengane-se.
No final responde-se a um questionário que avalia a visita, os lugares e que pergunta, já agora, se deseja comprar uma cadeira imediatamente. Mas o que teve mais sucesso foi mesmo o espaço para os comentários. Alguns sócios não percebem porque é que os lugares são tão caros... e onde se vão sentar se não comprarem um dos VIP, Premium, Benfiquista ou Águia. Há quem ache que o «sócio-tipo» do Benfica não terá dinheiro para o tal investimento a dez anos.
