«Estamos com os dois pés no Euro-2004», diz Vale e Azevedo

20 set 2000, 16:58

Presidente do Benfica anuncia pré-acordo com o Estado O presidente do Benfica revelou que esteve reunido, ontem à tarde, com o ministro do Desporto, Armando Vara, e que ficaram estabelecidas as bases de um acordo que vai permitir ao Benfica assinar o protocolo de apoios do Euro-2004.

João Vale a Azevedo garantiu hoje que já existe um consenso entre o clube e o Governo para a assinatura do protocolo de apoios para o Euro-2004 depois ter apresentado à delegação da UEFA os projectos previstos para a remodelação do Estádio da Luz. O Benfica é, neste momento, a única entidade que ainda não assinou o protocolo com o Governo. 

«Ontem à tarde tive uma reunião muito interessante com o ministro do Desporto, Armando Vara, em que se estabeleceram bases entre o Benfica e o Governo para que estejamos com os dois pés, como sempre estivemos, no Euro-2004. É muito provável que o Benfica vá celebrar o contrato nos próximos dias. O ministro vai na sexta-feira para Sydney mas, mal regresse dos Jogos Olímpicos, o Benfica assinará o compromisso cujas bases foram ontem estabelecidas em traços gerais com o ministro», referiu o presidente do Benfica, que se que fez acompanhar pelo seu irmão, Álvaro Vale e Azevedo, e João Barbosa 

Vale e Azevedo considera que nenhuma das partes recuou nas suas intenções iniciais e que apenas se registou um mal entendido. «O Benfica e o Governo aceitaram os mesmos compromissos básicos de quando iniciámos esta situação, que era pagar 25 por cento das obras efectivamente realizadas, naturalmente, com ligação ao Euro-2004. Já ouvi dizer que tinhamos pedido verbas para o museu e para outras coisas. Isso foi mentira, apresentámos um orçamento rigoroso para o Euro-2004 e não a toda a obra envolvente que estamos a fazer, que é muito mais, inclui a megastore, um centro de lazer, um novo museu e uma série de facilidades que hoje não existem no nosso estádio». 

O presidente do Benfica garantiu que o clube está totalmente envolvido na operação 2004 e que as obras no estádio estarão totalmente concluídas em Junho de 2003.

«Fizemos uma apresentação global de todas as obras que estamos já a fazer. Como é do conhecimento público já iniciámos a megastore, que vai ser inaugurada a 15 de Dezembro, já fizemos o estaleiro para as áreas VIP e dos camarotes, cujas obras estão para se iniciar. Explicámos todo o programa das obras, com prazos definidos, informámos todos os nossos parceiros, que são vários, quer na área técnica, de construção, fornecedores e patrocinios, e explicámos o finaciamento da obra, que está totalmente garantido. Acho que foi uma reunião muito positiva. A UEFA conhecia a maioria dos nossos parceiros, quer do lado financeiro, quer da construção e isso foi uma agradável surpresa para ambas as partes». 

Apesar de não construir um estádio de raíz, o orçamento que o Benfica prevê, cerca de 14 milhões de contos, ultrapassa os valores apresentado pelo Sporting. «Isto é o maior estádio português e um dos maiores da Europa. Tem de se fazer o racio pelo número de lugares e, assim, o Estádio da Luz passa a ser o mais barato. O Estádio da Luz vai ter 80 mil lugares, mais quatro mil VIP e 1500 para jornalistas. Há pouco estádios no mundo com estas condições, por isso não podemos comparar o que não é comparável», referiu Vale e Azevedo . 

Os primeiros números apresentados pelo Benfica rondavam os 4,5 milhões de contos, substancialmente menos dos que os 14 milhões mais tarde divulgados. Vale e Azevedo tem uma explicação para a discrepância de valores. «Na altura as especificações da UEFA eram completamente diferentes. As obras eram praticamente um lavar a cara do estádio e tinham como componente principal apenas uma cobertura desinserida do resto do estádio. Neste momento a cobertura projectada vai ter várias envolventes, vai permitir novos acessos ao estádio, elevadores e saídas de emergência. Vamos ter que construir quatro novos balneários, e cumprir com várias exigências técnicas da parte da UEFA. Do ponto de vista tecnológico, a obra é muito mais actual do que há três anos por isso os custos cresceram, não tem nada haver com outras situações». 

O principal obstáculo à falta de acordo entre o Benfica e o Governo será a inexistência de um número oficial do custo total da obra. «O custo efectivo da obra ainda não temos porque temos por base apenas orçamentos previsionais, mas deverá rondar os 14 milhões de contos. O acordo que está feito é o Estado pagar 25 por cento sobre o custo real da obra em relação aquilo que é comparticipável pelo Euro-2004». 

Vale e Azevedo revelou que as obras no Estádio da Luz vão muito além do Euro-2004 mas afastou a ideia de que o Governo pretende tirar partido do apoio do Estado. «O total da obra é de cerca de 30 milhões de contos, envolvendo todos os projectos. No que respeita ao Euro-2004, deverá rondar os 14 milhões de contos. Neste momento foi apenas definida a fórmula para encontrar o valor real. O Benfica não quer receber dinheiro a mais e o Estado, concerteza, não quer pagar dinheiro a mais. Aí a convergência de opiniões é total».  

A UEFA considerou que o projecto do Sporting estará classificado como de cinco estrelas, isto é, poderá receber jogos como a final da Liga dos Campeões. Vale e Azevedo considera que, no final das obras, o Estádio da Luz preencherá os mesmos requesitos. «As obras que estamos a fazer é para que no Estádio da Luz se possam realizar todo o tipo de provas, quer da UEFA quer da FIFA. Não haverá muitos estádios na Europa com as facilidades que o nosso vai ter, nomeadamente em dimensão, e em termos de segurança e conforto». 

O aproximar de eleições no Benfica poderá ameaçar o actual projecto para o Estádio da Luz mas Vale e Azevedo não acredita nessa possibilidade. «Naturalmente se houver um conflito entre a SAD e o clube poderá haver problemas, mas julgo que isto é uma obra que a todos os benfiquista interessa. E, haja ou não essa alteração, penso que não haverá divergências dos befiquistas em relação a isto. É público e notório que é a SAD que vai financiar essas obras já que o clube não tem capacidade finaceira para uma obra desta envergadura», concluiu o presidente do Benfica.

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