A polémica de Viena

18 mai 2001, 20:17

Benfica - 40 anos depois de Berna

O jogo entre o Benfica e o Rapid de Viena, relativo à segunda mão das meias-finais da Taça dos Campeões de 1960/61, foi marcado pela polémica. Um golo alegadamente irregular a favor dos «encarnados» e a não marcação de uma grande penalidade favorável da equipa de Viena geraram a revolta dos adeptos locais, que invadiram o relvado e agrediram árbitro e jogadores. 

Com uma vantagem de três golos conquistada no encontro da primeira mão, realizado no Estádio da Luz, o Benfica partiu para a Áustria de forma tranquila e com o apuramento quase garantido. 

O Rapid tentava o tudo por tudo para se manter nas competições europeias, mas os golos só surgiram na segunda parte. O Benfica começou por se adiantar no marcador, aos 65 minutos, por intermédio de José Águas.  

O melhor marcador da equipa alcançava, assim, o seu décimo golo em competições europeias e aumentava a vantagem dos «encarnados» na eliminatória. Mas aos 72 minutos, Skocik marca o golo do empate e reacende os ânimos nos adeptos austríacos. A partir de então, o jogo fica um pouco mais duro, aumentando o número de faltas. 

A um minuto do final do encontro, Coluna comete uma alegada falta dentro da área «encarnada», mas árbitro nada assinala. Os jogadores do Rapid partem furiosos em direcção ao árbitro e a revolta nas bancadas generaliza-se. Reza a lenda que o próprio Bella Guttmann, treinador dos encarnados, insultado e cuspido ao longo de todo o jogo, temendo uma desgraça, chegou a entrar em campo aos gritos de «marca penalty, marca penalty, senão ninguém sai daqui vivo!». 

Perante os incidentes e a consequente impossibilidade de prosseguir a partida, o árbitro inglês Paul Leafe deu o jogo por terminado, levando o Benfica à final da Taça dos Campeões Europeus. 

Inconformados, jogadores e adeptos não controlaram a sua fúria e a violência instalou-se. «A um minuto do fim do jogo e em virtude de o árbitro não ter considerado merecedora de penalty uma jogada desenrolada na grande área do Benfica, o público descontrolado tentou invadir o rectângulo, o que conseguiu logo que a polícia, tendo de intervir dentro do rectângulo em face das agressões que o árbitro estava a ser alvo por parte dos jogadores do Rapid, desguarneceu as bancadas. As agressões ao árbitro generalizaram-se aos próprios jogadores do Benfica a partir do momento em que estes tentaram defender a equipa de arbitragem», contava o relatório dos representantes do Benfica à UEFA. 

No final do encontro, os adeptos do Rapid invadiram o túnel do estádio e tentaram mesmo entrar nas cabinas onde estavam os jogadores do Benfica. Os «encarnados» estiveram fechados dentro dos balneários durante várias horas e acabaram por ser escoltados pela polícia no caminho entre o Estádio Prater e o hotel.  

Nos dias seguintes, correram rumores de que as duas equipas seriam desclassificadas e o Barcelona declarado campeão, sem que se realizasse o jogo da final. A UEFA acabou por validar o resultado do encontro e interditou o campo por um jogo em encontros das competições europeias.

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