Salgueiros-Marítimo, 2-1 (destaques)

15 dez 2001, 17:57

Danny gelou ainda mais

Litera

Pode não ser o cúmulo da elegância, mas é de uma utilidade extrema. Litera tem um pé esquerdo que lhe permite criar muitos passes e deixar os companheiros em condições de avançar para as proximidades do perigo. Com ele em campo, o Salgueiros ganha qualidade e esquece o pontapé para a frente. Litera marcou de grande penalidade, mas fez questão de deixar claro que foi muito importante para a recuperação da sua equipa. 

Delson, para quebrar o gelo

O jogo estava gelado e deixava-se perder em disparates e tentativas que chegavam a ser ridículas. Faltavam chamas que combatessem o frio, faltava um par de pés com imaginação. O Salgueiros tinha começado bem, mas não tinha marcado, o que fazia pular os níveis de ansiedade de uma equipa que perdera 7-0 uma semana antes. Delson era o único capaz de surpreender e fintar o próprio clima. O brasileiro, contudo, estava preso quase em exclusivo a obrigações defensivas e decidia não arriscar depois de já ter trocado os olhos ao adversário. Se todos tivessem acompanhado as pitadas de classe do médio, talvez a tarde tivesse sido bem mais agradável. 

Van der Gaag

Começa a ser cada vez mais a figura de uma equipa que faz do rigor defensivo condição prioritária para o normal funcionamento do seu jogo. Van der Gaag é um central dominador, capaz de corrigir desatenções dos colegas e de resolver os seus próprios problemas. Esta tarde, num jogo gelado, o holandês esteve sempre acima da maioria em termos de qualidade, cancelando antecipadamente tudo o que o Salgueiros queria congeminar nas proximidades de Nélson. O nome é difícil de pronunciar, mas fixem-no. Mais tarde ou mais cedo vai ser notícia. 

Danny, o irreverente

Quem olha para ele detecta um qualquer candidato a jogador de futebol que ainda sonha com o dia em que vai passar de juvenil a júnior. Danny é franzino e parece feito para tudo menos para assumir os choques e o esforço físico que a sua posição exige. Quando a partida principia, contudo, a teoria tem de ser revista, uma vez que Danny parte para verdadeiras viagens ao desconhecido, ao mundo do requinte a que apenas alguns chegam. Hoje marcou um golo feliz, mas teve a arte de estar no sítio certo, na altura certa. Os outros também podiam perceber que a bola cairia naquele local, mas só este miúdo que nasceu na Venezuela lá chegou. Digam que é coincidência, mas dêem o benefício da dúvida. Pode ser futebol. E do bom. Precisa é de aprender que a irreverência deve servir para jogar bem e não para discutir. Se fala muito, é expulso. Que lhe sirva de exemplo o instante em que desfez sozinho o que tinha construído... sozinho.

Patrocinados