Beira Mar-Santa Clara, 0-1 (crónica)

15 dez 2001, 18:23

Maré vaza na Ria

Maré vaza. Com um caudal mais fraco, devido ao mar de lesões (e também à venda de Fernando Aguiar para o Benfica), a «ria» de Aveiro teve muitas dificuldades para passar os pequenos ilhéus que lhe iam surgindo pela frente. À medida que o tempo ia passando, o Beira Mar dava indicações de que seria complicado assentar o seu jogo e dominar claramente o adversário, como já fez com outros no Mário Duarte. O seu meio-campo estava demasiado fragilizado para conseguir pressionar como antes. Apesar de Lobão ter sido colocado no meio-campo para dar poder de choque... 

Os açorianos nunca se sentiram colocados em xeque pelo conjunto de António Sousa e foram levando o encontro à sua maneira, ora atacando ora defendendo, mas sempre com a vontade de partir rápido para o meio-campo adversário. Sentiram que em qualquer altura da partida que podiam chegar à vitória. E procuraram a sorte. Não a tiveram na primeira parte, após um cabeceamento de Rui Gregório, sem oposição, contra o pé direito de Nuno Santos, já no ar. Mas esta haveria de chegar... 

Petrolina e Gamboa iam fazendo pela vida, tentando servir um Fary em quebra de forma. Do lado dos açorianos, Figueiredo e Miner alternavam no municiamento de Vítor Vieira e Toñito. Mas Brandão também parecia em má tarde, apesar das boas movimentações. O futebol estava algo aquém das expectativas e a objectividade ficou do lado de fora do Mário Duarte. Os balões para Fary eram muitos, sobretudo na segunda parte. Depois, Demétrios passou a ser outro dos alvos dos «charutos». 

Tinha de ser... 

O destino parecia traçado. O Santa Clara abdicava cada vez mais do ataque continuado e apostava na velocidade. E sentia também que podia chegar ao golo, como veio a acontecer. Por Miner, aos 75 minutos. A sorte também se procura e foi o que aconteceu este sábado. As oportunidades flagrantes não tinham sido muitas até ao remate do espanhol, após desentendimento entre Nuno Santos e Vítor Silva (chocaram na área), mas, depois, houve três ou quatro contra-ataques que, com o balanceamento desesperado dos aveirenses, podiam ter dilatado o resultado. E aí talvez já fosse injusto... 

Mais tarde, na conferência de imprensa, os treinadores reconheceriam a superioridade do Santa Clara no encontro desta tarde. Que foi evidente. Tal como evidente parecia que seria o resultado final quando Paulo Baptista apitou para o intervalo. Não que a superioridade fosse assim tão forte, mas porque se adivinhava que o golo chegaria com mais probabilidade para os açorianos.  

Mesmo assim, o jogo foi frio, quase tão frio como o tempo.

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