Sp. Braga-Boavista, 0-2 (crónica)

9 mar 2002, 20:36

Uma questão de ineficácia Um lance de passividade e um outro, de profunda infelicidade, compuseram o resultado. O Boavista agradece.

Sem estudo, concessões ou conquistas, as equipas assumiram-se como iguais numa espécie de jogo de velocidade, pressão e eficácia, caindo, instantânea e precocemente, nos braços uma da outra. As consequências, atendendo ao método partilhado, podiam adivinhar-se. As faltas multiplicar-se-iam a um ritmo abusivo, incomparavelmente superior aos instantes de genialidade ou à geração de um lance de desequilíbrio.

Parecia ousadia de Cajuda querer comparar-se ao campeão num desafio semelhante e na utilização de armas em tudo iguais às do adversário, que as manuseia como ninguém, mas o resultado das primeiras experiêncas faziam confundir atrevimento e perspicácia, que, numa dezena de minutos, foram reduzidos à condição de sinónimos.

Igualmente maus...

Igualmente precipitado, assustadoramente descerebrado, o Braga era tão bom quanto o Boavista em quase tudo. Na falta de ideias, Ricardo e Marco resumiam a disputa ao tédio de um «baliza a baliza», que passou directamente das botas de um guarda-redes para as luvas do outro. E vice-versa, é claro.

Até no exercício da pressão, o Braga poderia assemelhar-se, sem o esforço de uma metamorfose, ao Boavista, apesar das fraquezas frequentes do meio-campo, que sofreria uma profunda e indispensável remodelação. Falhava, contudo, no capítulo da eficácia, que há muito exige aturada revisão. Mas, mais grave do que desperdiçar ocasiões de golo, que não foram muito frequentes, revelar-se-ia a oferta deles.

A defesa, em geral, e Artur Jorge, em particular, ajudam a explicar a tese, que, mais do que sublinhar a lenda da eficácia axadrezada, deixa quase a nu, no mínimo em trajes menores e de dimensões escandalosas, a ineficácia bracarense. Para variar, mais gritante na proximidade da própria baliza do que das redes alheias, das quais raramente se aproximou, recorrendo, numa solução tão alternativa quanto desesperada, ao pontapé demasiado distante para provocar uma gota de suor frio a Ricardo.

De figurante a protagonista

Depois de participar, na condição de mero observador ou figurante, no lance bizarro que deixou a vantagem ao alcance de um remate que Duda não tinha como falhar, Artur Jorge reclamou o papel principal, muitos minutos depois, num cruzamento de Bosingwa, fadado ao fracasso. Célere, precipitado também, o central correu a esmagar a ameaça, mas no gesto, arriscado e desnecessário, não fez mais do que o golo na baliza errada.

O Boavista, que não brilhara, limitando-se a cintilar raras vezes, em números de risco calculado interpretados por Duda ou Serginho, mostrava-se agradecido. Mas não o suficiente para retribuir. Mais uma dose de fadiga chegava ao fim, com a vantagem de formular, no último sopro do jogo, a ameça ao Sporting. Mesmo depois de uma hora e meia sem um segundo de especial talento que não fosse o gesto mecânico de procurar a vitória, que produziu, com a cumplicidade do adversário, quase meia centena de faltas: 48, para ser preciso.

A João Vilas Boas só se detectaram erros de pormenor, ainda que Martins dos Santos (o quarto árbitro), no seu lugar, não dispensasse o jogo de um par de expulsões, em resultado de pisadelas, cotoveladas e alguma teatralização. Critérios... O de Vilas Boas agradou-nos.

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