Gil Vicente-Farense, 3-1 (crónica)

6 jan 2002, 18:31

Toda a verdade Falar do árbitro é esconder que o Gil Vicente esteve bem na segunda parte e que o Farense deixou de jogar sem se perceber muito bem porquê. O jogo é fácil de explicar.

Por que será que custa tanto admitir que o Gil Vicente venceu este jogo porque fez uma segunda parte francamente melhor que a primeira e conseguiu aproveitar exemplarmente um irritante recuo do Farense? Para quê falar de arbitragens quando, para além de não se ter razão nenhuma, se devia estar a reconhecer erros próprios, abordagens erradas e atitudes radicalmente opostas? O treinador do Farense terminou este jogo revoltado. Tudo bem. Quem perde tem esse direito. Não tem é o direito de inventar inimigos sem rosto. Os tempos de D. Quixote já eram. Jorge Castelo insinuou que a mudança de treinador nos gilistas lhes garantiu os favores de quem apita. É grave. 

O Farense até começou muito bem esta partida. A pressão a meio-campo e, essencialmente, as correrias de Bruno Mestre, garantiram à equipa de Jorge Castelo uma vantagem inicial evidente, que deixava o Gil preso em espartilhos inquebráveis e Vítor Oliveira a coçar a cabeça, tentando conceber na hora uma estratégia revista e aumentada. Pouco depois dos 20 minutos, Carlos Costa já tinha colocado os algarvios em vantagem. E era justo. 

Paulo Alves e Marco Nuno, dois dos três atacantes do Gil Vicente, perdiam-se em movimentos desorientados que terminavam numa simples carga de ombros ou num corte mais arrojado de quem defendia. Estava difícil e o público presente no Adelino Ribeiro Novo não tinha problemas em assobiar. A sua equipa mudara de treinador para melhorar, mas não conseguia mostrar nada de novo. Bem pelo contrário. 

Ao intervalo, no entanto, Vítor Oliveira pediu mais empenho aos seus jogadores. O nervosismo estava a tolher todos os movimentos e não fazia sentido que assim fosse. Era preciso mudar, era preciso acelerar e empurrar o Farense para as proximidades de Mijanovic. Ali, acabadinho de entrar, percebeu melhor do que ninguém as instruções. Tocou na bola e ofereceu um golo a Douala. Voltou a tocar na bola e virou tudo do avesso. Agora mandava o Gil. 

A goleada Ali tão perto! 

A qualidade e o interesse chegavam todos de uma vez. Porto, no desnorte do Farense que deixava Jorge Castelo estranhamente impávido, carregava Paulo Alves a área. Mijanovic defenderia a grande penalidade de Carlos com a ajuda do poste. Podia ter sido um bom tónico para a reacção algarvia, mas o seu treinador parecia mais interessado em tentar detectar erros de António Costa em vez de mandar a sua equipa avançar e voltar a pressionar. 

Rodri com um vigor estranho, obrigava António Costa a mostrar-lhe o segundo amarelo e condenava de vez a sua equipa. O Farense estava perdido. Com dez e sem atitude, deixava que o Gil o dominasse com um sorriso nos lábios. Já nem sequer era preciso jogar no limite. Bastava controlar e tentar de vez em quando. Douala, um dos melhores, ainda bisou com o fim à vista e já depois de Paulo Jorge, a meio de uma confusão, ter evitado um novo empate que seria tremendamente inesperado. 

O fim e um exercício mental de três segundos confirmavam todas as ideias registadas nos segundos 45 minutos. Era altura para assumir que o Gil jogara o suficiente para justificar os três pontos e que o Farense facilitara. Apontar o dedo ao árbitro era sacudir a água do próprio capote. É feio, mesmo quando se tem razão. Quando não se tem, ainda é pior. É ridículo.

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