Torneio de «velhas glórias» no Restelo: o futebol ao serviço das crianças

5 mai 2002, 00:31

Hospital de Santa Maria quer reduzir listas de espera Antigos jogadores do Belenenses, Setúbal, Sporting e Académica participaram num torneio de angariação de fundos.

Duas metades de meia-hora, que as pernas já não estão para muito. Não estão? Foi o contrário o que se viu esta tarde (sábado) no Restelo. «Velhas» glórias do Belenenses, Sporting, V. Setúbal e Académica reuniram-se para angariar fundos e ajudar as crianças do Hospital de Santa Maria. O Hospital projecta a construção de uma nova ala de cirurgia e pretende reduzir assim as listas de espera de crianças.

A tarde de sol mas com algum vento começou com pompa. Crianças de Santa Maria e não só entraram no Restelo em grande, mesmo em grande: uma limousine branca transportou-as numa volta ao campo e foram depois buscar os jogadores ao balneário.

O primeiro jogo da tarde - as duas primeiras partidas acabaram por durar uns longos 60 minutos cada uma - opôs o Belenenses à Académica. Nas bancadas, cerca de quatro mil pessoas exibiam orgulhosamente cachecóis do Sporting, alguns da «Briosa» e dos sadinos. Do Belenenses também, claro. O negócio também esteve lá: «merchandising» dos clubes, gelados, águas, sandes. O que se quisesse.

Quem esperava grandes fífias provocadas por pesadas barrigas depressa perdeu essa ilusão. Algumas (barrigas) estavam lá, é certo, mas a experiência também conta muito. Assim, houve apenas ausência de futebol de primeira... Liga. Entre «aahhhhhhhhs» e «ohhhhhs» a equipa azul venceu por 3-0 e garantiu um lugar na final.

Os quinze minutos de Octávio

A tarde continuou com (mais um) Sporting-Setúbal. Facilmente identificável pela multidão, Octávio Machado alinhou pelos sadinos e arrancou algumas gargalhadas e apupos. Quando saiu, aos quinze minutos de jogo, reuniu um misto de aplausos e assobios. Pouco depois, o golo do Sporting, com o Setúbal a empatar dez minutos depois. Solução: desempate por grandes penalidades, com o sadinos a superiorizarem-se por 5-3. Por esta altura já as claques (cada vez mais reduzidas) entoavam o «Só eu sei porque não fico em casa». Mas não foi só o nome do Sporting que surgiu: além dos clubes envolvidos no torneio, apareceu também o do Moreirense.

A partir daqui foi a debandada, com a final entre Belenenses e Setúbal a desenrolar-se ao frio e sob o olhar de pouquíssimas pessoas. A vitória no torneio acabou por sorrir aos vitorianos, a resolverem a partida - agora com apenas meia-hora - também nos penalties, por 4-1.

A causa

A ideia desta torneio surgiu, curiosamente de árbitros. A Associação de Árbitros da Linha de Sintra «bolou» a tarde de futebol e convidou as equipas. A angariação de fundos começou em Fevereiro, depois de uma reportagem da TVI. Imediatamente, o serviço de Pediatria do Hospital de Santa Maria foi contactado por particulares para efectuarem donativos - em quatro dias surgiram 31 mil contos - , mas o grande impulso público veio duas semanas depois. «O João Pinto pediu para ver a reportagem e os jogadores da selecção doaram os prémios do jogo particular frente à Espanha - 7.500 contos cada um», conta Maria João Vasconcelos, da organização da campanha «Crianças primeiro».

Neste momento, a campanha já angariou cerca de 80 mil contos e pode começar as obras da ala hospitalar em Junho. À volta de 50 mil contos foram doados por particulares.

Para o Torneio desta tarde, estavam disponíveis 30 mil bilhetes e foram vendidos cerca de 10 mil a três euros cada. Os restantes foram distribuídos a escolas, que compareceram em pouco número.

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