Desapareceram cerca de 4.000 obras de arte
Um incêndio deflagrou na Galeria Nacional de Arte da Abecásia - uma república separatista pró-russa que faz oficialmente parte da Geórgia - nas primeiras horas da manhã de domingo, destruindo pelo menos 4.000 obras de arte, informaram os meios de comunicação social locais.
"Ardeu tudo", declarou a ministra da Cultura em exercício, Dinara Smyr, segundo a agência noticiosa Apsnypress. "Trata-se de uma perda irreparável para a cultura nacional da Abecásia. Estou a sufocar em lágrimas. É-me difícil falar".
A Apsnypress informou que a coleção da galeria incluía cerca de 300 obras de Alexander Chachba-Shervashidze, um pintor exilado que a república separatista considera ser o "primeiro artista profissional da Abecásia". Segundo Smyr, nenhuma das suas obras terá sobrevivido.
A Galeria Nacional de Arte situa-se em Sukhumi, a capital da república separatista. A Abecásia declarou o seu próprio governo e é apoiada pela Rússia, mas não é oficialmente reconhecida como um Estado pela maioria dos países ou pelas Nações Unidas. De acordo com o Departamento Nacional de Estatística de Abecásia, a população da região era de cerca de 244 000 habitantes em 2021.
O Salão Central de Exposições da Galeria Nacional de Arte incendiou-se durante a noite e os serviços de emergência foram chamados ao local no domingo de manhã, segundo os meios de comunicação social estatais. Às 7:00, hora local, as chamas estavam contidas e às 11:00 o fogo estava extinto, referiu a Apsnypress, acrescentando que onze corporações de bombeiros das áreas circundantes foram chamadas ao local.
"A morte das obras de arte que constituíam o fundo da Galeria Nacional de Arte é uma perda irreparável para o património cultural do nosso Estado", declarou o Parlamento da Abecásia numa declaração publicada nos meios de comunicação social estatais.
Cerca de 150 pinturas de artistas abecásios sobreviveram ao incêndio, noticiou a Apsnypress, citando Smyr. A agência de notícias disse ainda que o Gabinete do Procurador-Geral da Abecásia abriu uma investigação sobre a causa do incêndio.
Numa publicação nas redes sociais, a Presidente da Geórgia, Salome Zourabichvili, considerou o incêndio uma "tragédia para todos nós" e criticou também a liderança da região: "Lamento o que é uma consequência direta da negligência da identidade cultural tanto pela liderança de facto quanto pelos ocupantes russos".
Oscar Holland da CNN contrinuiu para esta reportagem.
