Maior fundo imobiliário nacional perde mais de 23 milhões com travão às rendas

ECO - Parceiro CNN Portugal , Ana Petronilho
19 set 2023, 09:43
Habitação (Manuel de Almeida/Lusa)

Além da perda diretas de verbas, o travão à atualização das rendas também desacelera a valorização dos imóveis comerciais. Fundos apelam a que travão seja aplicado apenas a residencial

O CA Património Crescente, gerido por Luís Henriques, tem sob gestão mais de 1,1 mil milhões de euros. É o maior fundo de investimento imobiliário nacional e um dos mais rentáveis ao longo da última década, com uma taxa de rendibilidade média anual de 4,12%.

Contudo, o travão do Governo na atualização das rendas à taxa de 2% está também a “travar” as contas do CA Património Crescente e do recém-criado Property Core, ambos inseridos na sociedade gestora Square Asset Management.

De acordo com Pedro Coelho, CEO da Square, o CA Património Crescente perdeu este ano, pelo menos, 23,8 milhões de euros com o travão de 2% às rendas.

Ao ECO, Pedro Coelho revela que em 2023 as rendas do portefólio de 150 edifícios dos dois fundos ronda os 70 milhões de euros anuais. Este ano, o valor iria ser atualizado em 4,2 milhões, aplicando os 5,43% estimados pelo INE, mas com o travão de 2% na atualização das rendas, decidido pelo Governo, o valor subiu apenas 1,4 milhões. Contas feitas, só em verbas diretas nas rendas os investidores nestes dois fundos perderam 2,8 milhões de euros.

Além disso, o travão às rendas tem também impacto na valorização do património dos imóveis. Isto porque, o primeiro critério dos avaliadores dos imóveis comerciais é a yield (rendimentos). E com o limite máximo de 2% na atualização das rendas, a atualização do valor patrimonial dos imóveis também fica limitada.

Desta forma, segundo contas de Pedro Coelho, “em vez de o valor ter atualizado em cerca de 40 milhões, subiu apenas 20 milhões”.

O CEO da Square sublinha ainda que “não faz sentido” que o travão às rendas seja aplicado também aos imóveis comerciais, tendo em conta que os “inquilinos destes edifícios são, por norma, grandes empresas sem dificuldades financeiras” e que, com esta regra, são “pequenos investidores que perdem rentabilidade”.

Pedro Coelho lembra ainda que em Espanha o limite à atualização das rendas só foi aplicado a edifícios residenciais. Os fundos têm apelado que em Portugal seja aplicada a mesma regra.

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