Marcelo compara injeções no Novo Banco às obras de Santa Engrácia. “Dispensamos mais problemas”

8 mar 2022, 18:32
António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República pressiona governo e Fundo de Resolução, para tomarem posição sobre o pedido do Novo Banco de mais 200 milhões de euros. Isto nunca mais acaba, parece dizer Marcelo

Não querendo comentar, o Presidente da República comentou: “Eu não gosto de falar de questões específicas, mas esta é uma questão específica que já dura há muito tempo. E estando nós com tantas questões e tantos problemas a enfrentar, acho que às vezes não vale a pena juntar a essas questões e esses problemas mais um problema, que dê a sensação de ser uma espécie de obras de Santa Engrácia.” Foi esta a resposta do Presidente da República, quando confrontado pelos jornalistas sobre o pedido de mais 200 milhões de euros pelo Novo Banco ao Fundo de Resolução.

“Obras de Santa Engrácia [é] uma expressão que se utilizava para falar numa obra que durou séculos a acabar e que nunca estava pronta”, precisou o próprio Presidente. “E, nestes termos de fim de pandemia ou transição para endemia, nós dispensamos obras de Santa Engrácia”.

É a reação à notícia de que o Novobanco vai pedir mais cerca de 200 milhões de euros de compensação ao Fundo de Resolução, ao abrigo do mecanismo de capital contingente, notícia que foi avançada hoje pelo Eco, que revelou que o banco gerido por António Ramalho irá apresentar as contas referentes ao passado ano esta quarta-feira - e que os lucros são também na ordem dos 200 milhões.

“Vou aguardar a Assembleia geral do [Novo] Banco, [que] está marcada para o final do mês de março, e depois a tomada de posse do governo, para ver qual é a atitude do governo e a posição do Fundo de Resolução. E depois, se for caso, disso direi qualquer coisa”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.

Recorde-se que, desde 2017, quando foi criado o mecanismo de capital contingente que permitiu ao Novo Banco receber injeções públicas de capital, a instituição que sobreveio ao Banco Espírito Santo já recebeu cerca de 3,4 mil milhões de euros. Sobram no mecanismo ainda 400 milhões de máximo de capital a reclamar pelo Novo Banco, que agora se prepara para pedir metade dessa disponibilidade.

Em fevereiro, o Fundo de Resolução tinha declarado ter a “forte convicção de que não seja devido qualquer pagamento” adicional ao Novo Banco. A administração do Novo Banco parece, pelos vistos, acreditar no contrário.

 

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